• FLÁVIA JUNQUEIRA
     
    RÊVERIE
  • BOAS-VINDAS À ONLINE VIEWING ROOM DE “RÊVERIE'

    BOAS-VINDAS À ONLINE VIEWING ROOM DE “RÊVERIE"

    Um carrossel de três toneladas desafiava a gravidade ao girar lentamente a dois metros do chão. Esse foi o primeiro contato que o espectador teve com "Rêverie", exposição com trabalhos inéditos de Flávia Junqueira, que esteve em cartaz na Zipper Galeria de 21 de março até 04 de maio de 2024.

    A presença de um carrossel real, instalado no centro do espaço expositivo, sintetizou o amadurecimento da pesquisa da artista, cuja reflexão sobre esse elemento foi constante ao longo de toda sua carreira.

    Em “Rêverie”, Flávia Junqueira explorou o imaginário da infância e a relação que existe entre realidade, alegoria e fantasia – uma experiência artística que ativou recordações e levou à reflexão sobre as construções de nossas memórias.

  • Texto curatorial por Carollina Lauriano

    Texto curatorial por Carollina Lauriano

    Em tradução livre, a palavra rêverie pode ser compreendida como um estado agradável de perder-se nos próprios pensamentos. Da sua etimologia em língua francesa, quer dizer sonho. Para a psicanálise, é o momento de intuição do analista acerca do paciente. Essa sutileza, de saber o que se passa com o Outro, é o que a psicanálise compreende como tarefa do psicanalista no processo de manejamento da transferência.


    De algum modo, essa noção proposta pela psicanálise possui certa dimensão poética, intuitiva e de horizonte metalinguístico, que também é um estado inerente à arte e ao fazer artístico. Ora, se esse não é o caminho que o conjunto de obras criadas por Flávia Junqueira para essa exposição nos sugere pensar. Não à toa, o título da mostra refere-se a uma circunstância de devaneio.

  • SALÃO PRINCIPAL

    SALÃO PRINCIPAL

    Ao adentrar a sala térrea da galeria, o visitante se depara com um carrossel flutuando no espaço. A passarela de espelhos também foi pensada estrategicamente para fornecer uma outra camada de elementos que não somente instigam o olhar, mas também evocam outras sensações. Neste lugar ocupado pelo interjogo de rêveries é que o trabalho de Flávia Junqueira atinge seu ápice. Quando ela transfere para o espectador essa profundidade poética capaz de produzir novos sentidos para o objeto de arte, e, por consequência, apontar que sonhamos e pensamos o mundo com nossas emoções. 


    Nesta sala, a construção cenográfica, que habitualmente orienta seu trabalho, ganha outra escala. Enquanto suas fotografias buscam a dramaticidade por meio da encenação, ao nos deparar com um brinquedo de parque de diversão in loco, é como se a artista nos colocasse como sujeitos atuantes daquilo que suas imagens nos sugerem: a criação de memórias que, para a artista, me parece acontecer no limite entre a história e a fabulação.
  • Ao nos fazer reconhecer algum sentimento ligado a essa cena, Flávia Junqueira estabelece um diálogo capaz de ativar ou produzir...

    Ao nos fazer reconhecer algum sentimento ligado a essa cena, Flávia Junqueira estabelece um diálogo capaz de ativar ou produzir novas lembranças. Há quem irá se conectar com lugares do passado, em uma espécie de nostalgia, ou quem irá experienciar uma situação nova, que futuramente poderá ser resgatada. Independente da situação, um marco será criado e a experiência estará registrada para sempre na vida de quem entrou em contato com esse universo onírico. 


    Aqui, adentramos tão profundamente em nossas memórias e nos encontramos envoltos a uma magia que só a arte pode proporcionar. Criar uma ficção para que a realidade nos seja possível. E é nesse momento que a mágica acontece. Quando não há mais pretensão de desvendar o truque, mas sim, deixar-se encantar por ele. Rêverie no cerne de sua revelação.

  • SEGUNDO ANDAR

    Revelar, inclusive, é uma outra possibilidade de tradução da palavra. E essa perspectiva vem à tona no segundo andar da galeria. Ao adentrar a cortina de veludo, Flávia Junqueira apresenta um conjunto de quatro fotografias em grande formato. Ali, os elementos característicos de sua composição cenográfica ocupam o Palácio de Linares, em Madri.

    • Flávia Junqueira Palácio de Linares #5, 1873, Madrid , 2024 Pigmento mineral sobre papel de algodão 150 x 172 cm
      Flávia Junqueira
      Palácio de Linares #5, 1873, Madrid , 2024
      Pigmento mineral sobre papel de algodão
      150 x 172 cm
    • Flávia Junqueira Palácio de Linares #4, 1873, Madrid, 2024 Pigmento mineral sobre papel de algodão 150 x 174 cm
      Flávia Junqueira
      Palácio de Linares #4, 1873, Madrid, 2024
      Pigmento mineral sobre papel de algodão
      150 x 174 cm
    • Flávia Junqueira Palácio de Linares #1, 1873, Madrid, 2024 Pigmento mineral sobre papel de algodão 150 x 189 cm
      Flávia Junqueira
      Palácio de Linares #1, 1873, Madrid, 2024
      Pigmento mineral sobre papel de algodão
      150 x 189 cm
    • Flávia Junqueira Palácio de Linares #2, 1873, Madrid, 2024 Pigmento mineral sobre papel de algodão 150 x 152 cm
      Flávia Junqueira
      Palácio de Linares #2, 1873, Madrid, 2024
      Pigmento mineral sobre papel de algodão
      150 x 152 cm
  • Ao centro da sala, encontra-se uma peça instalativa que abriga a série "Magic Carnivals", uma reunião de pequenos – e encantadores – animais colecionáveis que, juntos, ao final da coleção, formam um carrossel. 

  • Magic Carnivals

  • Engenho de Piracicaba

    Localizada no piso térreo, ao fundo da galeria, 'Engenho de Piracicaba, 1881', traz pontos de vista que abarcam todos os...

    Localizada no piso térreo, ao fundo da galeria, "Engenho de Piracicaba, 1881", traz pontos de vista que abarcam todos os questionamentos levantados pela artista não só nesta exposição, mas em todo seu corpo de trabalho. Ao colocar em paralelo a ruína do engenho com a vivacidade do carrossel, interessa a Flávia Junqueira apontar que há beleza não somente na opulência dos teatros que fotografa ao redor do mundo. É também preciso olhar para aquilo que desmorona, e por que não enxergar onde reside a beleza nisso? Há de haver sempre um carrossel girando suspenso ao que está prestes a ruir.

     
  • RÊVERIE
     
    Maio.2024
     

     

    Visitação gratuita / Segunda a sexta 10h–19h / Sábados 11h–17h

     

    ZIPPER GALERIA / R. Estados Unidos, 1494 / São Paulo - Brasil