No dia 17 de agosto, às 12h, a Zipper Galeria inaugura a exposição individual de Ricardo Rendón. Na mostra, intitulada Vazio Contido, o artista mexicano apresenta um panorama de sua produção dos últimos anos, com objetos confeccionados a partir de materiais diversos, com os quais Rendón reflete sobre o vazio e sobre seus próprios métodos de criação. A exposição fica em cartaz até o dia 14 de setembro.
Nessas obras, o artista analisa as condições dos materiais antes mesmo de sua utilização produtiva, além dos diferentes comportamentos de cada um deles. “Ricardo Rendón propõe em seus trabalhos um renascimento às avessas, que enfatiza o trabalho manual, e que expõe a face trabalhadora da arte conceitual, aquela que valoriza o processo, a singularidade de cada gesto”, analisa a curadora Paula Braga.
A exploração do vazio no trabalho de Rendón se dá através de recortes e perfurações de materiais como feltro, couro e papelão, sendo que as partes “subtraídas” da obra continuam a fazer parte dela, recontextualizadas como vestígios desse esvaziamento, físico e temporal. “Não basta a este artista mexicano oferecer o script, o algoritmo que define as repetições a serem executadas: é preciso apresentar o objeto, é preciso espalhar no chão os restos do processo repetitivo de perfurar o feltro industrial, exibindo assim uma dimensão do objeto chamada tempo, mesmo que o que sobre da obra seja muito mais um vazio do que efetivamente matéria, um vazio que aponta para a ideia de corrosão, desgaste, sumiço, desmaterialização feita pela divisão em pequenas partes”, explica ainda a curadora.
No trabalho de Ricardo Rendón, a presença concomitante do objeto recortado e de seus recortes é um atestado do fazer artístico. “Encontro no fazer o caminho para reconhecer a mim mesmo e definir quem sou como pessoa. É o trabalho criativo como uma afirmação”, conta o artista. “Opto por concentrar-me nos fatos, pegadas e evidências que posso deixar por um caminho, um encontro pessoal ou mediante a transformação de um material”, conclui.