Camille Kachani

16 Abril - 10 Maio 2014

A Zipper apresenta, a partir de 16 de abril de 2014 às 19h, a primeira individual do artista Camille Kachani na galeria. Com curadoria de Cauê Alves, a mostra reúne um conjunto de peças que enfatizam a dimensão poética de objetos que, afastados de seu caráter funcional, são transformados em esculturas e proporcionam diversos questionamentos. 

 

As relações mais fundamentais se dão entre os elementos naturais e manuais, útil e inútil ou orgânico e inorgânico. O que se observa através da exposição, segundo o curador Cauê Alves, é que esses pares de opostos tendem a se transformar um no outro.

 

A madeira, material orgânico recorrente na produção do artista, aponta para um desejo de ser ressuscitada. Cabos são alongados como se estivessem vivos e folhas verdes brotam como se estivessem crescendo nos próprios objetos, espontaneamente e sem esforço.

 

Gaveta, martelo, foice, tesoura, enxada, faca, entre outros utensílios e ferramentas são sobrepostos e arranjados de maneira aparentemente instáveis, situando-se entre o equilíbrio e o desequilíbrio. A otimização dos objetos feitos para a mão não se adequa à nova função que adquiriram e criam um abismo entre o uso cotidiano dos objetos e a configuração da peça final. Essa distância aparece de modo mais direto quando copos, pratos, martelos e talheres são divididos ao meio. Há um pequeno hiato entre o espaço que separa as metades, a síntese de toda a exposição: a distância entre a totalidade e a singularidade partida da arte. 

 

Sobre o curador

Cauê Alves (São Paulo, Brasil, 1977) é mestre e doutor em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É professor da graduação e pós-graduação do curso Arte: história, crítica e curadoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, (PUC-SP) e do curso de pós-graduação da Escola da Cidade, Civilização América: Um Olhar Através da Arquitetura. Escreve regularmente sobre arte contemporânea e tem experiência em história da arte, teoria da arte e estética. Foi um dos curadores do 32º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011). Realizou, entre outras curadorias, a mostra Mira Schendel: Avesso do Avesso, no Instituto de Arte Contemporânea; e Quase Líquido, no Itaú Cultural.