A travessia, estágio incerto na jornada entre um território e outro, é o tema da individual da artista Thais Graciotti na Zipper, que abre no dia 15 de setembro. Com curadoria de Isabella Lenzi, Quando linhas imaginárias entrecruzam latitude e longitude reflete sobre o enlace entre ficção e realidade nas narrativas de migração. A exposição integra o projeto Zip’Up, coordenado por Mario Gioia, dedicado a mostras experimentais e propostas curatoriais inéditas.
Na instalação principal desenvolvida para a sala superior da galeria, relatos de viajantes ou refugiados extraídos de obras clássicas da literatura ou colhidos pela própria artista aparecem em textos escritos com sal sobre placas de vidro. Apresentadas em diversos idiomas, as narrativas reais e fictícias são vistas ora em placas sobrepostas, ora isoladas, sugerindo uma aproximação entre as artes visuais e a literatura e uma multiplicidade de discursos.
Toda travessia envolve inúmeras motivações: o exílio, seja por imposição ou escolha; a aventura, o desejo e a esperança de uma vida melhor. Ao pedir para que viajantes traduzissem outros relatos para seus próprios idiomas, a artista reflete como tal diversidade de sentimentos se reflete no campo da linguagem. E, de modo análogo à contraposição entre as experiências vivida e relatada, a exposição também propõe um confronto entre a imprevisibilidade e fluidez do mar às formas geométricas rígidas das placas do vidro.
Sobre a artista
Thais Graciotti (Vitória, ES, 1979) tem a viagem como disparador para a produção de seus trabalhos, tendo como elementos básicos de investigação a ilha, o barco, a ficção e a literatura. Colagem, fotografia, vídeo, livro de artista e instalação são seus principais meios de expressão. Formação: Doutorado em Arte e Cultura Contemporânea (UERJ-RJ, 2014). Principais exposições individuais: Relatos de uma ilha distante, Cartel 011, São Paulo (2016); Trocas, Galeria Espaço Universitário, UFES, Vitória (2006). Principais exposições coletivas: Formas de voltar para casa, Sala ao Lado, Vitória (2014); Windshift ([artists in residency]), SÍM Gallery, Reykyavik, Islândia (2013); Roupa de Domingo, Casa das Rosas, São Paulo (2011). Prêmios: Salão Anapolino de Arte (2015).
Sobre o curador
Isabella Lenzi é arquiteta formada pela FAU-USP e pela Universidade do Porto, Portugal. Possui pós-graduação em arte contemporânea, com especialização em fotografia, da Universitat Pompeu Fabra, Barcelona. Consultora Cultural do Consulado Geral de Portugal em São Paulo desde 2013, também integra o Núcleo de Programação da Associação Cultural Videobrasil. Gestora cultural, curadora, editora e pesquisadora, foi curadora da exposição Desenho só desenho a – sós, individual do artista português Fernando Lemos, além de assistente de curadoria dos Programas Públicos do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil, realizado no SESC Pompeia. Também foi assistente de curadoria da Galeria Vermelho, onde realizou diversas exposições, e antes disso foi assistente de curadoria de Agnaldo Farias na XI Bienal de Cuenca, Equador. Vive em São Paulo.