Foram para o norte para chegar ao sul. Afirmação que refuta qualquer certeza construída durante séculos sobre os modos de controle de espaços e territórios. Seria possível o sul estar ao norte também? Ou seria impossível chegar lá?
Entre apurados movimentos em prol de desejos não realizados se desprendem os gestos de uma sociedade em tensão - compreensível, como a caracteriza Graciela Sacco - que levanta seus braços, abre suas bocas, corre e gesticula na tentativa de chamar atenção para suas queixas.
Sacco nos coloca em um presente contínuo, diante de situações que marcam uma condição humana assinalada por conflitos, lutas, trânsitos, migrações, exílios.
Diante da contundência do real, elege o evanescente. Suas imagens se inscrevem com luz (são assim suas heliografias sobre distintos objetos), se fazem presentes por transparência ou se desvanecem sob a luz do sol; mudam, fugazes, com a dinâmica do cotidiano, a cada passo interpelam o espectador instalando uma pergunta e com ela uma situação de reflexão.
Diana Wechsler