Dando sequência à sua pesquisa no campo da arte e tecnologia, o artista Fernando Velázquez apresenta sua terceira exposição individual na Zipper Galeria. Aberta no dia 21 de junho, Iceberg apresenta um conjunto de novos trabalhos que remetem ou exploram alegoricamente a figura do iceberg. "Enxergamos uma porção ínfima da totalidade do iceberg, já que a maior parte da sua massa encontra-se submersa. Alegoricamente, poderíamos pensar que o nosso entendimento da realidade se assemelha a um iceberg, já que necessariamente o campo do que conhecemos será infinitamente menor que o campo do que seria possível conhecer. O inconsciente, por exemplo, poderia ser a parte invisível de um iceberg chamado consciência", afirma o artista.
Ao partir do princípio de que o conhecimento a respeito de qualquer fenômeno é sempre relativo, parcial e incompleto, Velázquez se dispõe a pensar questões da contemporaneidade relacionadas ao crescente impacto da tecnologia no cotidiano e na nossa capacidade de estabelecer um diálogo crítico neste cenário.
A exposição ocupa a galeria principal com uma instalação multimídia na qual lasers acoplados a totens de madeira desenham um grid ortogonal, como paralelos e meridianos em um mapa, em alusão à geografia e ao território. Cada totem - cuja estrutura formal remete à vegetação do mangue - é uma pequena estação inteligente que conta com um microcomputador e um sensor. Em conjunto, os totens se comunicam entre si, via wifi. Utilizando dados da movimentação do público na sala, como velocidade, posição e distância, um algoritmo de inteligência artificial altera a posição dos feixes de laser modificando a configuração do território. Por baixo dos feixes de laser, no chão da galeria, é projetada uma animação em vídeo que apresenta de maneira alegórica e sintética o conhecimento acumulado pela humanidade - alfabetos, mapas, patentes, documentos, fórmulas, fotografias - em um sistema que contrasta a inteligência artificial dos algoritmos e máquinas com a inteligência humana.
Complementa a experiência imersiva uma trilha sonora espacializada em quatro canais, sincronizada aos lasers e à animação em vídeo. A trilha será editada em um álbum em vinil, cujo rótulo permite a leitura por realidade aumentada.
Um filme em realidade virtual em 360º (no qual icebergs flutuam e se modificam em um ambiente de gravidade não convencional) e um letreiro em neon com a inscrição "loop (mente a mente)" - sentença que emula a sintaxe de uma linguagem de programação e sugere que o entendimento da realidade é mediado pela mente e suas inerentes contradições e agenciamentos - completam o conjunto de trabalhos.
Iceberg fica em cartaz até 11 de agosto.