Nada Isolado — Nothing in Isolation

31 Março - 3 Maio 2025

A Zipper Galeria tem o prazer de apresentar Nothing in Isolation — Nada Isolado, nova exposição de Daniel Mullen. Concebida como um espaço de percepção compartilhada, a mostra convida o público a entrar em um ambiente onde o sentido não é entregue, mas gerado — na relação, na presença, no movimento.

Reunindo, pela primeira vez, diferentes núcleos de sua produção — pinturas, esculturas em aço espelhado, relevos em porcelana e construções em madeira — Nothing in Isolation — Nada Isolado marca um momento decisivo na trajetória do artista. Obras que, embora distintas em materialidade e técnica, partilham uma mesma pergunta: como a percepção se transforma através da relação — não apenas entre forma e matéria, mas entre obra e observador?

O título da exposição parte de uma observação de Henri Matisse sobre a natureza relacional da cor. Nenhum elemento — tonalidade, ponto, forma — existe de maneira isolada. É apenas no encontro que se estabelece o sentido. Esse princípio orienta toda a exposição: a cor como fenômeno contingente; a forma, como agente de ambiguidade; o espaço, como campo de ativação sensorial. O espectador torna-se participante ativo — é sua atenção, sua proximidade e seu deslocamento que animam as obras.

Nas pinturas — construídas a partir de uma paleta restrita de três cores primárias — Mullen cria campos de instabilidade óptica, onde sutis variações cromáticas operam como estruturas perceptivas. As esculturas em aço espelhado expandem esse raciocínio ao espaço tridimensional, implicando o reflexo do próprio observador. Já os relevos em porcelana e madeira convocam um olhar mais lento e encarnado: formas que parecem sólidas, mas se alteram conforme a luz incide ou o corpo se move ao redor.

Fruto de um engajamento prolongado com cada suporte — e de experimentações realizadas em residências como o European Ceramic Work Center (EKWC) —, essas obras revelam uma prática que se desloca com fluidez entre diferentes meios, sem jamais perder sua precisão conceitual. Embora construídas com rigor formal, permanecem porosas: abertas ao tempo, à matéria e à presença sempre mutável do observador.

“Meu trabalho sempre esteve comprometido com a ideia de que o sentido é relacional”, afirma o artista. “Ao reunir essas obras, proponho que a percepção não é uma experiência estática, mas algo que se configura continuamente — entre elementos, materiais, durações e presenças.”

Nothing in Isolation — Dada Isolado é, assim, um convite à atenção: ao que vibra entre os intervalos, ao que se transforma na proximidade, ao que escapa quando se tenta fixar. Uma exposição que trata a própria percepção — moldada pela cor, pela forma e pelo espaço — como um campo de descoberta: nunca definitivo, sempre em movimento.