Última Semana | Motel: Evandro Prado

10 Agosto - 14 Setembro 2024
O artista campo-grandense apresenta sua primeira exposição na Zipper Galeria com obras que exploram sinalizações e placas de motéis em pinturas de estética pop, e fazem uma crítica visual e cultural ao consumo.

A Zipper Galeria apresenta "Motel", mostra inédita do artista Evandro Prado, que integra o projeto do Zip’UP, voltado para receber novos artistas, nomes emergentes não representados por galerias paulistanas. A exposição reúne quinze pinturas em óleo sobre linho, e será aberta ao público no dia 10 de agosto. Revelando o olhar crítico e irônico do artista sobre a política e o sexo no Brasil contemporâneo, a mostra utiliza a estética das placas de estrada e anúncios americanos para criar um diálogo ácido e irônico.

Evandro Prado manipula ícones religiosos e elementos do cotidiano para propor uma crítica incisiva à sociedade atual. Na série "Motel", ele ressignifica visualmente Brasília, retratando-a como uma Sodoma moderna, onde a corrupção e a permissividade são predominantes. Suas obras exploram temas como política, religião e mercado e instigam reflexões sobre os valores e contradições da cultura brasileira.

 

Em suas pinturas, Prado revisita palavras e frases familiares aos brasileiros, como "Centrão", "imbrochável", "toma lá da cá", "golden shower", "supremo", "3 poderes", "picanha", "pátria amada" e "habeas corpus". O linho, usado como tela, simboliza o céu e a terra de Brasília, enquanto as cores fortes e primárias das placas criam um contraste provocador.


A exposição "Motel" dialoga com uma série anterior de 2006, na qual Prado usou uma estética pop para criticar o consumo, misturando imagens do catolicismo com a Coca-Cola. Esse trabalho resultou em um processo criminal movido pela Arquidiocese de Mato Grosso do Sul, do qual ele foi absolvido, destacando ainda mais sua postura audaciosa e crítica.

Evandro Prado, nascido em 1985 em Campo Grande (MS) e residente em São Paulo desde 2008, é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em 2006. Prado aborda questões políticas, religiosas e mercadológicas em seu discurso plástico. Sua obra combina elementos da tradição com temas do cotidiano, manipulando imagens através da apropriação de ícones do catolicismo, personagens históricos e monumentos. De maneira irônica, ele propõe uma desconstrução e ressignificação das imagens de respeito e devoção na sociedade contemporânea. Utilizando diversas técnicas, Prado estabelece uma poética crítica ao consumo e à cidade de Brasília, DF.