A Expansão da Linha: Zip'Up Consuelo Veszaro

18 Janeiro - 2 Março 2024
Consuelo Veszaro apresenta obras que propõem uma imersão no espaço expositivo, convidando a dar um passo atrás — literal e metaforicamente —, não para "decifrar" as imagens, mas para se deixar afetar pelas linhas de força, pela mistura sutil de cores, pela integridade dos vazios, ou pela instabilidade das formas, na iminência de um movimento. 
A Zipper Galeria tem o prazer de anunciar a próxima exposição Zip'Up "A Expansão da Linha" da artista convidada Consuelo Veszaro, com texto curatorial de Mariana Leme.

Nos trabalhos de Consuelo Veszaro estruturas-criaturas parecem habitar um mundo silencioso, ao mesmo tempo instável e permanente. Mas uma descrição como essa, embora seja verossímil, é insuficiente para descrevê-los, cujo significado parece sempre escapar a quem os observa. O conjunto apresentado sugere que as obras se desdobram umas nas outras, recusando qualquer ideia de evolução, ou lastro, matriz primeira da qual derivam. As obras tampouco se ancoram numa representação do real, em algo que lhes é externo, apesar de serem constituídas pela realidade da matéria — espessa, no caso das pinturas, ou por superfícies de variações sutis, no caso das esculturas, próprias à natureza do material. Em outras palavras, a matéria é parte constitutiva dos trabalhos que, paradoxalmente, se apresentam como virtualidade, desenho.

De perto, é possível ver as pinceladas de óleo ou acrílico, e também o rastro do objeto que retirou camadas de tinta. Em alguns casos, um sulco feito quando a tinta ainda estava fresca; em outros, pequenas partes craqueladas pela ponta-seca que riscou a superfície já endurecida. Há um aspecto intimista nesse olhar que se aproxima, mas que não revela “segredos” ou subjetividades de ninguém. Às vezes há o rastro, como nas paredes de uma cela, mas a “história” — se é que houve alguma — se perdeu.

Esculturas finas se apoiam diretamente no chão, estão escoradas em paredes, chegam na altura do teto. A artista articula cada um dos fragmentos em suas extremidades, construindo as estruturas que são, afinal, a própria obra: a matéria e os vazios criados por ela, num diálogo evidente com o espaço que as acolhe. Pinturas e esculturas existem em sua realidade tangível, mas não representam nada que lhes é externo; elas encarnam, por assim dizer, a própria virtualidade.