Após cinco anos, a colombiana Adriana Duque volta a expor no Brasil, com a individual Renascimento, em cartaz na Zipper a partir do dia 6 de agosto. Em sua última exposição solo no país - Íconos, em 2014, também na galeria - a artista apresentou trabalhos que estabeleciam relações a pintura holandesa do período Barroco. Agora, as fotografias da artista dialogam com a pintura retratual renascentista, a partir das características típicas do movimento cultural surgido entre os séculos XIV e XVI na Europa. A curadoria da exposição é de Eder Chiodetto.
O trabalho de Adriana Duque incita o embate entre a fotografia e a pintura. A artista utiliza a fotografia - e os recursos contemporâneos dedicados a este suporte - para realizar aproximações e releituras da pintura de diversos momentos da história da arte. No caso do Renascimento, a artista faz uma reflexão sobre a individualidade, uma noção que se encontra na base da passagem da visão teocêntrica da Idade Média para o humanismo. A explosão de retratos que se viu surgir no Renascimento diz respeito ao crescente interesse pela individualidade no período, em contraposição à representação do divino durante a Idade Média.
Longe, porém, de procurar retratar representações fiéis da realidade, Adriana Duque questiona a própria noção de retrato e seu papel no mundo contemporâneo: em Renascimento, as fotografias se constituem como montagens de elementos a partir de técnicas digitais. "Cada um dos trabalhos coloca a definição do retrato em um campo em movimento, porque não são imagens obtidas pela simples gravação da realidade do sujeito retratado. A totalidade de cada obra é composta parte por parte, de modo que cada imagem resultante corresponde, na realidade, a fragmentos dispersos e remontados meticulosamente na busca de uma imagem ideal, aquela que só habita a mente do artista", afirma Adriana Duque.
A individual Renascimento fica em cartaz até 31 de agosto.
Sobre o curador
Eder Chiodetto é curador especializado em fotografia, com mais de 70 exposições realizadas nos últimos 10 anos no Brasil e no exterior. Mestre em Comunicação e Artes pela ECA/USP, jornalista, fotógrafo, curador independente e autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô/Funarte), entre vários outros. Nos últimos anos tem realizado a organização e edição de livros de importantes fotógrafos como Luiz Braga, German Lorca, Criatiano Mascaro, Araquém Alcântara e Ana Nitzan, entre outros. É curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006.