Da perda da aura à sua desmaterialização no meio digital e a consequente distribuição nas redes, a imagem atravessou um sem fim de estágios e estatutos nos últimos 200 anos.
Neste projeto/experimento, nos interessa refletir sobre alguns aspectos particulares.
Por um lado nos interessa pensar a imagem na sua qualidade de anotação, de rabisco, de esboço, especulando que os dispositivos electrónicos funcionam como uma espécie de "moleskine" contemporâneo. Poderíamos falar de imagens transitivas que funcionam como apontamentos que nos remetem a outros assuntos. Em segunda instância nos interessa refletir sobre a crescente relação de interdependência entre as imagens e a palavra, num circuito que tem se expandido exponencialmente a partir da circulação da imagem em interfaces electrónicas. E por último nos interessa testar o poder da rede como dispositivo de confiança. No sistema de constelação, alguns dos participantes serão convidados de forma indireta pelos próprios artistas selecionados.
Estes tópicos navegam no corpo comum da compressão do espaço/tempo na qual a maioria dos cidadãos das grandes cidades vivemos nossas vidas. Assim como o povo esquimó aprendeu a distinguir um sem fim de cinzas entre o preto e o branco, e assim como os habitantes da floresta detectam o mais leve movimento num cenário saturado de informação, nós, habitantes das cidades contemporâneas estamos aprendendo a lidar com a faculdade da síntese exigida para sobreviver num mundo saturado de estímulos e demandas.
Este projeto procura desafiar artistas e pensadores a desenvolver num curto período de tempo, imagens e palavras que após trafegarem pelas redes, se materializam numa exposição. Cada artista enviará uma imagem por e-mail ou download, e após um sorteio, cada crítico ou pensador escreverá um texto de no máximo 142 caracteres (incluindo espaços) sobre uma imagem. O resultado será exposto em formato impresso na Zipper Galeria entre 15 de dezembro e de 19 de janeiro de 2013.
Fernando Velázquez, 2012