A tecnologia tem possibilitado a circulação de um volume cada vez maior de informações a uma velocidade que cresce também em escala progressiva, colocando-nos em estado de constante aceleração. Ainda assim, cabe a cada um a sua relação com o tempo. Seja partindo de amplos horizontes ou de planos construídos, a artista Fernanda Valadares nos convida a desacelerar, escutar o silêncio e tentar compreender por que a noção de sublime parece não fazer mais sentido hoje. Apenas parece. Em O Sétimo Continente, no piso superior da Zipper Galeria, a partir de 14 de junho, os segundos prometem se alargar. A exposição traz a possibilidade de uma transcendência da forma e da técnica para questões que beiram a metafísica e a política. A artista se debruça sobre a matéria para fundir camadas de cera. Ainda que se enxergue como pintora e faça da encáustica seu principal meio e suporte, nesta mostra ela nos possibilita uma imersão num universo mais amplo da sua produção. Madeira e papel em sua condição de matéria adquirem simbolismos e nos mostram uma artista cuja reflexão poética e imagética explora o limiar entre a complexidade e a simplicidade. “Os significados não são fixos, se deslocam de uma referência a outra, deixando as imagens falarem por si, permitindo que trocas se estabeleçam a cada encontro. Fernanda mostra-nos espaço para falar de tempo. E falando de tempo nos faz vivenciá-lo, pois somente assim podemos experienciar sua obra”, enfatiza a curadora Bruna Fetter sobre o trabalho da artista.
Sobre a artista
Fernanda Valadares nasceu em São Paulo, onde fez bacharelado e licenciatura pela Faculdade Santa Marcelina. Em 2007, em busca de outra relação com o tempo e o espaço, mudou-se para Porto Alegre, RS. Vive e trabalha nessa cidade, onde faz mestrado em poéticas visuais pelo Instituto de Artes/UFRGS. Desde então, teve trabalhos selecionados para o I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea e 64o Salão de Abril/CE e 42o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto. Participou de várias exposições coletivas na cidade, e fez duas exposições individuais: a primeira, Museu de Arte Extemporânea em 2012 através do XIII Concurso de Artes Plásticas Goethe Institut Porto Alegre; e em 2014, Na Adega Evaporada, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.