A Zipper Galeria apresenta a exposição “Tudo que é uno se divide”, individual da artista Rizza no programa Zip’Up. Concebida como uma instalação imersiva, a mostra convida o expectador a transitar por um labi-rinto hexagonal de espelhos e a se ver envolto pelo espectro de cores registrado pela artista em seu ateliê, a partir da refração da luz.
Entrar em contato com a essência de algo significa entender que ele é passível de ser fragmentado, é necessário atravessar todas as camadas que separam o centro do limite para entender o todo. A partir de dois eixos, reflexão e refração, Rizza concebe a exposição como uma contínua divisão do um.
A luz, fenômeno primordial para a existência do universo, é a fonte de pesquisa que possibilita a concepção de todos os trabalhos da mostra. Usando o fenômeno da refração, a artista materializa uma imersão no espaço fracionado da luz branca, que, ao passar por esse processo sofre uma mudança de velocidade e divide-se em todas as cores que a compõem.
O aglomerado de tons nasce de uma fotografia feita em seu ateliê, usando apenas uma luz branca e a superfície de um CD. O enquadramento surge do fenômeno projetado na parede, que agora reveste os quatro cantos do espaço expositivo e é refletido por faces geométricas de objetos que espelham o entorno, ao mesmo tempo que multiplicam infinitamente seus reflexos.
Os ângulos que possibilitam tal efeito não surgem ao acaso, cada uma das peças que ocupam a circulação da sala tem sua origem em uma única forma, o hexágono. Fazendo a análise do desenho simples de um hexágono regular é possível notar que, ao ligar seus vértices internamente, seis triângulos equiláteros surgem, conectando-os externamente, um círculo perfeito é formado. A dualidade existente entre o interno e o externo da figura diz um tanto sobre o que fragmenta e o que une.
O andar por entre as esculturas revela a experiência de olhar para si em multiplicidade, ao mesmo tempo que também é observar os arredores e entrar em contato com a luz em suas diferentes formas de existir. Tudo que se vê dentro do espelho também está fora, e vice-versa. A exposição, então, torna-se uma constante de transformação, a obra é simultaneamente o fragmento e o todo que nos circunda. A manipulação das camadas que permitem que a essência exista é o exercício de criação praticado pela artista, sendo a vivência de transitar no ambiente uma sucessiva lembrança de que tudo que é uno se divide.
Thais Teotonio