Com a aproximação do feriado de Páscoa, muito provavelmente suas maiores expectativas estão sobre os tradicionais ovos de chocolate. O costume da troca de ovos, apesar de ter se originado na Antiguidade, muitos séculos antes do nascimento de Cristo, passou a ser associado à festividade religiosa por seu símbolo de vida e renascimento, como uma analogia à ressurreição de Cristo.
Por isso, selecionamos aqui quatro artistas que já usaram da figura do ovo em suas obras para falar sobre transformações, nascimento e vida, para você entrar no clima pascal e de quebra aprender sobre arte contemporânea brasileira.
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Amerikkka (1991/2013) - Cildo Meireles
A icônica obra do artista carioca foi concebida em 1991 para uma exposição em Madrid que pautava os 500 anos desde o dito “descobrimento da América” por Cristóvão Colombo em 1492.
“Amerikkka” convida o visitante a “pisar em ovos sob o fogo”, ou seja, a caminhar sobre uma base de 17 mil esculturas de ovos, com um painel de 33 mil projéteis voltado para sua cabeça. Ao notar o título da obra, além de compreender a alusão que o artista faz sobre continente colonizado, nota-se a aplicação do triplo “k” como referência à organização de extrema direita norte-americana Ku Klux Klan, que defende a supremacia branca. Aqui, os ovos, ainda que feitos de madeira, refletem ao mesmo tempo fragilidade e resistência das vidas em ameaça durante o projeto colonial.
Ovo Cósmico (1980) - Regina Vater
Por meio de “Ovo Cósmico”, Vater enuncia uma reflexão filosófica usando a figura do ovo como uma manifestação física do tempo. Certa vez ela explicou: “É o ovo que nos fala de uma produção que não pode ser simplesmente acelerada, e que impõe seus próprios rituais”.
Nesta versão da obra, a escultura se apresenta com a casca quebrada, nos instigando a imaginar se o ovo foi quebrado a partir de um fator externo ou se ele cumpriu seu ciclo de gestação e originou uma nova vida.
O ovo (1967) - Lygia Pape
A grande expoente do Neoconcretismo elaborou “O ovo” e o expôs na exposição coletiva Apocalipopótese, realizada no Aterro de Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1969. A instalação consistia em uma estrutura cúbica, de paredes feitas de filme plástico, onde o visitante poderia adentrar, rasgar a “pele da obra” e, assim, simular o ato de nascer.
Entrevidas, da série Fotopoemação (1981) - Anna Maria Maiolino
Originalmente em formato de instalação pública, a obra da artista ítalo-brasileira foi concebida em 1981, em pleno período da chamada “abertura democrática” da ditadura militar, como uma manifestação literal da expressão “pisar em ovos”. O registro da intervenção se desdobrou no tríptico fotográfico que apresenta as solas dos pés desnudas de uma mulher que caminha sobre um campo minado inofensivo, repleto de vidas embrionárias, como referido no título.
Funcionamento da galeria durante o feriado
Entre os dias 07 e 09 de abril, a Zipper estará fechada devido ao feriado. Retornamos na segunda-feira, dia 10, com enorme prazer em te receber.