Muitos álbuns de música que marcaram a história possuem capas de artistas visuais igualmente icônicos. Outros menos conhecidos também estão trilhando suas trajetórias ascendentes e usando a música como meio de se popularizar para a grande massa. Na semana passada trouxemos alguns desses casos e hoje estamos expandindo a lista com mais cinco nomes para você conferir.
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Kika Carvalho
“Sal” (2022)
“Sal”, o quarto álbum de Anelis Assumpção, é fruto de mãos de diversas mulheres negras, que se fazem presentes na produção, nos feats e, claro, na obra que estrela a capa. Kika Carvalho é a artista capixaba autora da tela “Lover” (2022) que foi, então, escolhida pela cantora. O trabalho referencia diversas outras personalidades criativas, seja nas investigações pictóricas com a cor branca por influência da artista nigeriana Toyin Ojih Odutola, seja na composição visual que flerta com “Mother”, do pintor espanhol Joaquín Sorolla. Ao mesmo tempo, o título também cita diretamente o livro “ The Lover”, de Marguerite Duras, que conta a história de um casal onde a mulher que se vê em um momento de constante espera do seu amante. Porém, na tela de Carvalho, a personagem se distancia desse lugar de submissão, trazendo uma imagem de mulher só, em uma espera envolta em prazer.
Takashi Murakami e George Condo
“Graduation” (2017)
Kanye West é um daqueles casos que poderia ter uma lista apenas exclusiva com tantas parcerias com artistas visuais para os lançamentos de suas capas – sem falar nas referências de artistas que já não estão mais vivos, como é especulado em “JESUS IS KING” (2019), cuja cor azul parece ser uma citação direta de Yves Klein. Além de KAWS – que já citamos na primeira parte dessa lista –, vale ainda citar Tadashi Murakami, que fez a capa de “Graduation” (2017), e destacar George Condo, que fez a polêmica capa de “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” (2010).
“My Beautiful Dark Twisted Fantasy” (2010)
Este último citado foi o disco mais bem cotado pela crítica do ano, segundo o Metacritic, e atingiu a primeira nota 10 do site Pitchfork em anos. Porém, antes mesmo de seu lançamento, Kanye foi ao twitter denunciar um suposto caso de censura que uma das imagens de sua capa – a que trazia duas criaturas humanóides em uma posição sexual – estaria sofrendo. O problema foi que, de acordo com o Los Angeles Times, ninguém exatamente "baniu" a capa e, segundo o próprio George Condo, este seria um “golpe publicitário” do rapper já planejado muito previamente.
Damien Hirst
“Certified Lover Boy” (2021)
“Certified Lover Boy” de Drake foi mais um álbum que agitou a internet por conta de sua capa. A grade de 12 emojis de mulheres grávidas lembra a série de pinturas pontuais de Hirst, na qual círculos pintados à mão com diferentes cores são intercalados sobre um fundo branco. Mas a verdade é que as altas expectativas que foram criadas em cima de um dos artistas mais caros do mundo foram totalmente frustradas e, consequentemente, a arte foi alvo de deboche.
Meses depois o artista visual voltou a causar burburinho ao anunciar que criou uma série de 10.000 NFTs gratuitos intitulados “Grandes Expectativas” baseado na imagem de “Certified Lover Boy”. “Tentei criar uma imagem que resumisse a poderosa esperança cheia de amor, humor e verdade ousada na música de Drake para a capa de seu álbum”, ele comentou na época. “E agora minha esperança é que, com este presente gratuito, todos vocês possam compartilhar e sentir a empolgação que sinto com o NFT’s e o mundo digital, e aqui está e eu adoro isso!”
Jeff Koons
Para a icônica capa de Artpop, Koons transforma Gaga em uma escultura sobre um fundo com várias referências de cenas da história da arte europeia. “O nascimento de Vênus” de Botticelli, na versão de Koons, coloca Gaga no papel da deusa romana como símbolo da beleza, do amor e da fertilidade. Em um recorte menos óbvio, Koons também insere a obra “Apolo e Dafne” de Bernini, que retrata o episódio de quando o deus da música persegue a ninfa e a transforma em uma árvore, aludindo ao maior ícone mitológico da arte e às transformações que o contato com ela pode nos gerar.
Mas a escultura da cantora não se apresentou apenas em sua forma imagética, mas também na realidade concreta. Koons criou apresentou a escultura de grande escala para o lançamento do disco no Brooklyn Navy Yard em Nova York.