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Início da trajetória do artista
Era 1963 quando uma família síria e nômade se encontrava temporariamente no Líbano e dava a luz à Camille Kachani. Quase dez anos depois, se estabeleceram no Brasil, onde o artista se encontra até hoje. Aqui, Kachani amadureceu e passou a compreender que a identidade individual de cada ser humano não pode ser herdada, mas sim construída. E a partir disso, se debruçou a investigar as diferenças e aproximações entre aquilo que seria natural e aquilo que é criado pelo ser humano. Inicialmente adentrou o universo criativo por meio da fotografia, logo em seguida experimentou a pintura – linguagens às quais Kachani possui formação acadêmica, assim como em Economia e História – mas muito em breve veio a florescer com a escultura.
Trabalho atual e questões centrais
Camille Kachani, Piano solitário, 2021
Hoje Kachani é reconhecido por suas esculturas metamórficas que combinam elementos como galhos, folhas e flores com objetos que simbolizam a cultura poética e banal, como livros, instrumentos musicais, utensílios domésticos e outros.
Diante desses trabalhos é difícil de saber o que foi manipulado pelo artista e o que foi apropriado, da mesma forma como também não se sabe em que fase desse ciclo de mutações o objeto se encontra, ou seja, se o objeto está voltando a ser matéria primária da natureza ou se ele já se já passou por esta transformação e agora está voltando a ser objeto fruto da ação humana.
Detalhe, Piano solitário, 2021
Outra questão que fica em aberto é sobre o tipo de entrosamento que se dá: harmônico ou contrastante? De um lado, vemos esculturas uniformes, como uma coisa só, entendendo que tudo o que é humano não apenas depende da natureza, como também é a própria natureza. Mas por outro lado, pode-se questionar se ambas as forças – natureza e civilização – estão em disputa, afinal, um instrumento atravessado por um galho de árvore é impedido de cumprir sua função, assim como as plantas artificiais são desprovidas de seu ciclo vital.
Visite a exposição de Camille Kachani
Vista da exposição Orquestra Assinfônica Fotossintética na Zipper Galeria.
Você pode conhecer a nova exposição do artista Camille Kachani "Orquestra Assinfônica Fotossintética" e a sua nova série de trabalhos, que inclui instrumentos musicais como ponto de partida para evocar a relação entre natureza e cultura, visitando a Zipper. Essa é a quarta individual do artista na galeria, que, sob curadoria e texto crítico de Ana Carolina Ralston, preenche o espaço com uma filarmônica silenciosa.
Serviço:
Orquestra Assinfônica Fotossintética
Visitação até 29 de abril de 2023
Funcionamento: Segunda a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h.
Endereço: R. Estados Unidos, 1494, Jardim América, São Paulo - SP