Você provavelmente já viu o carnaval sendo retratado nas telas de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Heitor dos Prazeres – talvez o maior retratista do carnaval que tivemos. Mas hoje nós trouxemos outros três nomes brasileiros para ampliar seu repertório e aquecer os tamborins para o, talvez, feriado nacional mais esperado do ano.
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“Carnaval”, 1969, Maria Auxiliadora da Silva
Como uma boa retratista de sua cultura, Maria Auxiliadora obviamente pintou cenas do carnaval com sua técnica única e distante das normas acadêmicas. Marcada pela mistura de tinta a óleo, massa plástica e as inusitadas mechas do seu cabelo, suas imagens eram construídas com relevos. O motivo de você provavelmente nunca ter visto essa obra deve ser justificado pelo fato da mineira ter tido um percurso longe dos cânones da História da Arte, exibindo suas criações em feiras de arte no centro da cidade de São Paulo, por exemplo. Na tela, como de costume, a artista preenche com detalhes todo o campo pictórico, apresentando diversas figuras coloridas em uma grande festividade na rua.
“Quarta-feira de cinzas”, 2006, Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander
O vídeo de quase 6 minutos em loop revela o menor carnaval do mundo. Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander, nos fazem acompanhar uma colônia de formigas atravessando o terreno acidentado de uma floresta, transportando pedaços de confetes coloridos. Uma trilha sonora feita digitalmente, combinando sons naturais do ambiente com o som de palitos de fósforo caindo no chão, também compõe a obra. Ao final, as formigas entram numa fenda escura no solo com seus confetes estimulando a confabulação de uma possível festa carnavalesca no formigueiro.
Fotografias de Walter Firmo
Foto de Walter Firmo / Acervo IMS
Nelson Cavaquinho. Foto de Walter Firmo / Acervo IMS
Aos 85 anos de idade, Walter Firmo é um artista ainda ativo, que segue produzindo com muita lucidez e potência. Em cerca de 70 anos de trabalho ininterrupto, o fotógrafo carioca construiu um acervo de 155 mil imagens por todo o país. Suas temáticas perpassam narrativas da negritude por meio do afeto e, ainda que sejam cenas cotidianas, sempre recebem uma camada de potência política. Além de ser o autor de retratos memoráveis de ícones da música brasileira e do carnaval, como Cartola e Nelson Cavaquinho, ele também registra excessivamente diversas festas populares. Sendo assim, desde as ruas no Rio de Janeiro ao bumba meu boi no Maranhão, o carnaval está entre os seus maiores objetos de estudo.