Gangorra, 2019 - Monica Piloni
Com a inauguração da segunda individual de Monica Piloni na Zipper, é natural que você tenha curiosidade de saber mais sobre os bastidores criativos dela. Por isso, vamos te aproximar dos processos de elaboração das obras expostas te contando um pouco mais sobre as referências da artista.
Conteúdo do artigo:
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Início de carreira e principais referências
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Principais aspectos de suas obras
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Exposição “Humanas, demasiado humanas” na Zipper
Início de carreira e principais referências
Quem vê a produção de Piloni hoje nem imagina que ela deu seus primeiros passos dentro do universo artístico produzindo esculturas abstratas a partir de objetos encontrados em ferro-velho. Ou ainda que a autora das esculturas selvagens fosse tímida quando mais nova.
A artista nasceu na capital paranaense em 1978 e cresceu cercada de referências técnicas, como o laboratório de modelagem de seu pai, que certamente influenciaram suas habilidades manuais. Já as figuras de bailarina, recorrentes em sua produção, também podem ser um aceno à sua experiência com o esporte clássico quando era ainda muito jovem.
Outra referência que você provavelmente não contava foi resgatada diretamente do mundo gamer. A artista teve contato com lado mais sombrio e misógino da indústria quando procurava por bonecas para modelar no ambiente virtual. Sua busca inocente se deparou com figuras femininas hipersexualizadas a ponto de terem suas partes íntimas expostas. “Que tipo de jogo pode se fazer necessária tal exposição?” – é a pergunta que a inquietou por um tempo.
Hoje Piloni faz obras com essas figuras que exibem suas vulvas e seios desinibidamente flertando com a estética da personagem demoníaca, conhecida como Súcubo, que invade o sonho dos homens para ter relações sexuais a fim de lhes roubar a energia vital. A menção é mais explícita na obra que carrega o nome da figura mitológica.
Principais aspectos de suas obras
Muitas de suas figuras não possuem identidade ou características que as singularizem e, inclusive, às vezes têm aspectos robóticos. Um exemplo disso, é o vídeo em NFT chamado “Fonte”, onde a figura feminina de semblante vazio, apesar de estar com uma postura impecável do balé, é pendurada pelo pé sem nenhum pudor, como uma peça de carne no açougue. À medida em que suas roupas claras são tingidas com o sangue de sua menstruação, que escorre por todo o seu corpo, ela é prontamente descartada e substituída por outra exatamente igual.
Frame do vídeo “Fonte (série bailarinas)” 2021 - Monica Piloni
Monica Piloni brinca com a multiplicação e subtração em seus processos criativos. A começar pelo fato de que, por muito tempo, ela esculpia a partir do molde de seu próprio corpo, ou seja, criando assim seu próprio duo. Mas também não podemos deixar de falar da característica mais óbvia de suas criações: as mutações nos corpos que apresentam os membros e seios duplicados, cabeças faltantes, entre outras variações.
Algumas dessas multiplicidades permitem que você seja observado pela própria obra enquanto circunda todos os seus lados. Sendo assim, Piloni escancara o lugar que a mulher socialmente foi posta como objeto de fetiche, ao mesmo tempo que posiciona o espectador como cúmplice quando confrontado por todas as faces. Esse jogo traiçoeiro é evidente, exemplo na obra “Selfie”, que a figura, enquanto exibe seu corpo petulantemente, te fotografa com os celulares das outras mãos.
Selfie (2022) - Monica Piloni
Visite a exposição “Humanas, demasiado humanas” na Zipper
Se você gostou de saber mais sobre a artista, não perca a oportunidade de conhecer sua mais nova exposição na galeria que fica em cartaz até o dia 29 de outubro de 2022.
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About the author
Giovana Nacca
Giovana Nacca é artista visual por formação universitária, redatora em portais de arte contemporânea e criadora de conteúdo no Instagram @gisplicando.