Quatro obras para você entender o que é arte contemporânea brasileira

Vamos te ajudar a desmistificar esse conceito usando como exemplo os próprios artistas e obras deste contexto
Setembro 9, 2022
Quatro obras para você entender o que é arte contemporânea brasileira

Fogo, 2020 - Celina Portella

 

É claro que não é tão simples de se analisar e dar nomes àquilo que ainda estamos vivendo, por isso alguns autores também divergem em suas teorias. Mas, você concorda que é no mínimo curioso pensar que, apesar de todo o misticismo que envolve essa temática, no fim das contas, arte contemporânea como um todo é apenas um reflexo nosso enquanto sociedade? Ou seja, literalmente é a produção de nossos contemporâneos. Então neste artigo vamos apenas te ajudar a compreender a arte mais próxima de você.

Conteúdo do artigo:

 

  • Autonomia de materiais e liberdade experimental de artistas

  • O que você está vendo pode não ser o mais importante

  • Quando começou a arte contemporânea no Brasil?

  • Arte, vida cotidiana e efemeridade

 

Autonomia de materiais e liberdade experimental de artistas

Você já sabe que arte contemporânea brasileira engloba grafite, performance, videoarte, pinturas, esculturas, gravuras, entre tantas outras coisas. Porém, nesse período de agora, essas categorias tão bem definidas não são mais tão simples de se identificar, se é que ainda importam tanto assim. 

 

Antigamente, os artistas se especializavam em uma determinada técnica, sobretudo pintura, escultura ou gravura. Mas, o advento da arte contemporânea permitiu que eles passassem a ser mais experimentalistas, ou seja, que partissem de qualquer material e assim, dessem mais autonomia a estes. Por exemplo, a artista Celina Portella, representada pela Zipper, possui uma produção que pode ser considerada como fotografia, performance e até instalação por ela trazer para jogo o espaço onde a obra está instalada. Dessa maneira, ela coloca em questão justamente os suportes utilizados.

Foto-pinturas, 2018 - Celina Portella 

 

Amém, 2022 - Celina Portella 

 

O que você está vendo pode não ser o mais importante

Outros artistas ainda usaram dessa liberdade para construírem obras que o processo fosse mais importante do que o resultado final. Um exemplo disso, é o artista mineiro Cao Guimarães, que no seu trabalho “Histórias do não ver” pediu que amigos o sequestrassem em diferentes dias, colocassem uma venda nele e permitissem que ele registrasse sua experiência em fotografias ainda que não pudesse ver nada. Percebe como as fotografias em si, podem não ter o melhor resultado técnico, mas possuem uma alta qualidade poética por revelar um processo e uma história?

Histórias do não ver, 2001 - Cao Guimarães

 

Quando começou a arte contemporânea no Brasil?

Uma terceira característica da arte contemporânea brasileira, pode ser compreendida com a história do surgimento dela por aqui. Muitos teóricos concordam que o movimento Neoconcreto foi o precursor desse período. Este movimento nasceu no final da década de 50, quando artistas cariocas fizeram uma revisão crítica do movimento Concreto, que havia nascido em São Paulo e do qual eles faziam parte. Eles criticavam o racionalismo da “arte pela arte” e o excesso de dogmatismo, propondo uma arte mais subjetiva. Encabeçada por artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, a arte neoconcreta instaurou de uma vez por todas, a participação do público, e sem isto, as obras não teriam sentido de ser. 
 

Diálogo de Óculos, 1966 - Lygia Clark

 

Arte, vida cotidiana e efemeridade

Por último, duas características possíveis que compreendem esse tipo de arte, são: a efemeridade e fusão entre arte e a vida cotidiana. A primeira pode ser exemplificada até mesmo com surgimento de algumas novas linguagens como o grafite – que fica exposto às mudanças climáticas e apagamentos – e a performance que acontece durante um determinado tempo e depois se encerra. Percebe como isso vai na contramão daquelas pinturas a óleo de séculos atrás que são conservadas até hoje?

 

A segunda, é muito bem representada por Cildo Meireles, que fez a série “Inserções em Circuitos Ideológicos” (1970), onde, durante o período da ditadura militar, ele imprimiu frases subversivas em cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola e reinseriu esses objetos em seus circuitos cotidianos, colocando arte literalmente na mão do povo.
 

"Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Cédula" (1970) - Cildo Meireles

 

Gostou de conhecer mais sobre a arte contemporânea brasileira por meio das próprias obras? Então te convidamos a frequentar mais galerias e museus, e aos poucos ir respondendo à perguntas como: de que maneira essa obra reflete o tempo em que eu vivo?

 
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About the author

Giovana Nacca

Giovana Nacca é artista visual por formação universitária, redatora em portais de arte contemporânea e criadora de conteúdo no Instagram @gisplicando.