O que você precisa ver ao visitar a 34ª Bienal de São Paulo

Outubro 1, 2021
Zipper Galeria - O que você precisa ver ao visitar a 34ª Bienal de São Paulo
Zipper Galeria - O que você precisa ver ao visitar a 34ª Bienal de São Paulo

A Bienal de São Paulo está de volta após um largo hiato por causa da pandemia. Originalmente marcada para começar em Fevereiro de 2020, a Bienal só abriu as portas esse ano, no começo de Setembro. Mas valeu a espera, porque, com mais mil peças de 91 artistas do mundo todo, a Bienal é a maior mostra de arte da América Latina, e esse ano conta, também, com obras de 9 artistas indígenas, brasileiros e mundiais, anunciando um marco de representatividade no mundo da arte, que há tanto carece de mais imagens nativas. 

 

A mostra leva o nome de um trecho do poeta Amazonense Thiago de Mello, que, em 1965, já narrando e anunciado os horrores da ditadura militar, escreve Madrugada Camponesa, e os famosos versos: “Faz escuro mas eu canto / porque a manhã vai chegar.” 

 

Com entrada gratuita, a Bienal é um ótimo passeio para se fazer em São Paulo, e aqui vão 5 artistas que vale a pena visitar.

 

O que você vai ver nesse artigo:

  • Uýra

  • Éric Baudelaire

  • Mauro Restiffe

  • Lee “Scratch” Perry

  • Antonio Dias

 

Uýra

 

 Em 2016, sob o manto do impeachment de Dilma Rousseff, Uýra nasceu, buscando dar vazão à seu conhecimento científico biológico e à sabedoria indígena que carregava dentro de si. Suas fotografias são marcantes, às vezes até tenebrosas, e com enquadramentos preciosos, quase místicos, transbordam de simbologia e histórias. A artista traz sempre uma disputa entre o humano e a natureza; todas suas fotografias englobam plantas, de uma maneira ou outra, às vezes em contraste com homem que as atacou, às vezes retomando o espaço que lhes foi tirado. É um jogo entre o nativo e o artificial, o humano e o indígena, e que remete não só à situação ambiental Brasileira—o sentimento de distopia reina nas imagens de Uýra—mas também à própria história da artista, que é tanto Emerson Munduruku, biólogo de formação, quanto Uýra Sodoma, entidade híbrida e artista visual. 

 

Zipper Galeria - Uýra Sodoma

 

Éric Baudelaire

 

Se tiver mais tempo quando visitar, vale a pena assister ao documentário de Baudelaire. Com “Un Film Dramatique,” ou um filme dramático, na tradução ao pé da letra, o artista franco-americano questiona nossos entendimentos enraizados de ancestralidade. Em uma sequência, duas crianças (não deviam ter mais do que 7 anos) discutem, de maneira até bem técnica para a idade, o conceito de nacionalidade, e o que faz de uma pessoa francesa ou estrangeira. Um dos meninos, cujos pais nasceram na Costa do Marfim, afirma con gusto ter dupla nacionalidade—embora investido na cultura francesa, sua vida em casa segue rituais Marfinenses—o que seu colega de turma não consegue aceitar—para ele, quem nasce na França é francês; no Brasil, Brasileiro, não?

 

Mauro Restiffe

 

O fotógrafo traz esse ano uma junção entre dois de seus prévios trabalhos, as séries “Inominável” (2019) e “Empossamento” (2003). Ambas retratam cerimônias de posse da presidência, “Inominável” a de Jair Bolsonaro, e “Empossamento” a de Lula. Penduradas lado a lado, as fotos forçam os visitantes a arcar com o peso das mudanças no país, simbólicas por uma lado—a troca de camisas vermelhas por amarelas—e tangíveis por outro—nas semelhanças entre cerimônias militares e a de 2019. Para muitos, serão as peças mais oniscientes da mostra, talvez mais prenunciativas, e, expostas sem legendas, Restiffe deixa à audiência o trabalho de buscar significação, semelhanças e diferenças, emoções e sentidos. 

 

 

Lee “Scratch” Perry 

 

Perry faleceu dias antes da abertura da Bienal. Mais conhecido, talvez, por sua produção musical—tinha um estilo único, produzia álbuns em seu quintal no famoso estúdio Black Ark, por onde passaram Bob Marley, Max Romeo e Eric Gale—Perry também foi artista plástico, e duas de suas obras estão expostas no pavilhão esse ano. Com uma abordagem frenética e, para alguns, caótica, Perry desenha nas paredes, em capas de disco de vinil; cola retratos populares em suas peças, a figura do super homem ou mesmo um leão recortado de uma revista; mescla espelhos e a carcaça de um laptop aos arranjos. Iconoclasta, em sua arte vingava uma constante tentativa de quebrar com padrões e forçar um novo imaginário

 

Zipper Galeria - O que você precisa ver ao visitar a 34ª Bienal de São Paulo1

 

Antonio Dias

 

Com certeza você já viu um quadro do Antonio Dias. Afinal, é um dos artista contemporâneos Brasileiros mais reconhecidos. Na Zipper, inclusive, expomos um dos quadros dele, “The Place.” Na Bienal você entra em contato com uma série de obras do artista, que, expostas em sequência, pedem novas interpretações. Suas mensagens características, etéreas e efêmeras, são fruto da busca do artista por significado em meio a momentos conturbados da nossa história. Metalinguístico acima de tudo, Dias definiu essas obras como “arte negativa para um país negativo,” mas no fim do dia, fica à audiência definir se a negatividade é o que permanece na sua arte, ou se, mesmo no escuro, há lírica. 

 

Zipper Galeria - O que você precisa ver ao visitar a 34ª Bienal de São Paulo2

 

A Bienal fica aberta ao público no pavilhão Ciccillo Matarazzo no Parque do Ibirapuera até o dia 5 de Dezembro de 2021.

 

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