Você sabia que em Florença, um dos maiores museus de arte, a Galeria degli Uffizi, foi criado a partir de coleções privadas de mecenas? Pois é, quando pensamos em museus, raramente lembramos que as obras de arte, para chegar ali, passaram pela mão de muitas pessoas, colecionadores e galerias. Na verdade, a arte deve muito à coleções e patrocínio privados, e dificilmente alcançaria o patamar no qual se encontra atualmente se não fosse a atuação individual de colecionadores.
O que você vai ver nesse artigo:
-
História da Arte
-
Investimento no Artista
-
O Papel do Museu
-
Colecionismo no Brasil
História da Arte
Colecionismo e arte sempre andaram de mãos dadas. Historicamente, o desenvolvimento das artes plásticas, principalmente, se dá na confluência entre artistas e colecionadores. No Renascimento, colecionadores eram chamados de mecenas, investiam e patrocinavam artistas, e ajudavam na difusão da arte.
Em primeiro grau, um colecionador é exatamente isso, alguém que busca um enriquecimento da cultura, seja de forma individual ou social.
O que seria, por exemplo, do pintor holandês Johannes Vermeer, sem o patronato de Pieter van Ruijven? Van Ruijven, que comprava e colecionava os quadros de Vermeer, esteve por trás de algumas das maiores obras do pintor, como “Moça com o Brinco de Pérola” e “a Leiteira.” Já na Itália, os famosos mecenas eram os Medici, que foram grandes apoiadores de Michelangelo durante sua vida. O fresco “o Juízo Final” na capela Sistina, e a “Tumba do Papa Júlio II” na basílica de San Pietro são duas obras incrivelmente importantes no portfólio de Michelangelo e foram ambas comissionadas pelos Medici.
Investimento no Artista
Talvez o aspecto mais nobre de se colecionar arte, esteja então no investimento que isso proporciona à artistas. O mundo da arte, não é, historicamente, um meio fácil de se desbravar. Artistas, principalmente jovens e contemporâneos, podem ser incrivelmente beneficiados por patronato e colecionismo, ganhando, não só destaque e popularidade, mas também alcance cultural que só é possível por meio de comunicação e interação sociais. Se a crítica tem papel fundamental na divulgação da arte, certamente quem está por trás do mercado, quem banca a arte, também exerce função indispensável. E às vezes, os dois andam de mão dadas, como é o caso do escritor e colecionador brasileiro Pedro Corrêa do Lago, que tem uma das mais extensas coleções de manuscritos do mundo, compondo cartas e documentos das mais variadas figuras históricas, de Charles Chaplin à Picasso. Corrêa do Lago compõe, por meio de suas coleções, memória cultural, assim como tantos outros colecionadores pelo mundo.
O Papel do Museu
Muito dessa catalogação da memória está ligada ao curadorismo de museus, exclusivamente talvez, na cultura popular. Suas coleções projetam não só vestígios de nossa história, mas apontam também padrões culturais, tendências e ideias. Mas aí entra uma questão importante, porque, tradicionalmente, coleções privadas foram, e continuam sendo, alicerces na criação de museus. Muito do que imaginamos ser patrimônio público, na verdade não é—foi doado ou emprestado para que pudesse alcançar diferentes públicos, fazer parte direta da cultura popular. Afinal, patronato não é só para artistas, museus também precisam de apoiadores para aquisição de obras e sua manutenção. Muito no mundo da arte se dá por meio de parcerias, sejam essas com artistas ou museus, pessoas físicas ou entidades; a arte se dá na sua confluência.
O que difere então coleções particulares de coleções de museus? Afinal, museus são, da maneira mais crua, coleções de arte tais como quaisquer outras, não? Seria simplesmente o acesso?
Pois bem, um museu, por mais vasto que seja seu catálogo, não consegue divulgar todo o tipo de arte, e aí entram, tanto os colecionadores privados, quanto as galerias de arte, que tem, também, papel fundamental cultural, principalmente no que se remete à artistas contemporâneos—sua divulgação, sua evolução—que muito raramente são dados espaço em museus mais clássicos para expor suas obras.
Colecionismo no Brasil
Tal qual a Galleria degli Ufizzi na Itália, o museu brasileiro mais famoso, o MASP, foi idealizado em parte por um mecena, Assis de Chateaubriand. Advogado, empresário, jornalista e colecionador, sua vasta coleção de arte deu origem ao MASP e é exposta até hoje no museu. Em Minas, o Instituto Inhotim teve começos similares, quando em 1980 foi idealizado por um empresário brasileiro; hoje, um dos maiores museus a céu aberto do mundo, ainda é uma fundação privada.
Afinal, no Brasil, o colecionismo teve, e continua tendo um papel importante na difusão da arte. Artistas como Adriana Varejão e Hélio Oiticica já tem amplo destaque em galerias, museus e coleções privadas, mas sua permanência no inconsciente cultural brasileiro se dá, não só pela atração estética de suas obras, pelo sublime, mas também pelo constante investimento em seus patrimônios.
Um colecionador tem a capacidade de florescer a carreira de um artista, e no momento em que vivemos, mais e mais cria-se a possibilidade de qualquer um se tornar colecionador de arte. Para alguém interessado em NFTs, por exemplo, o mercado da arte se tornou incrivelmente acessível e abrangente—artistas do mundo todo, vendendo obras a variados valores, agora têm acesso direto à colecionadores. (Para entender melhor como a arte pode ser um investimento, leia esse artigo também “5 Razões para entender a Arte como Investimento”).
Quer saber mais sobre as nossas exposições e obras de outros artistas? Então, assine a nossa newsletter e siga-nos no Instagram!