Para começar a sua coleção de arte: 5 obras do 16º Salão dos Artistas Sem Galeria

Conheça cinco obras de preços acessíveis de artistas promissores na Zipper Galeria
Fevereiro 20, 2025
Vista do 16º Salão dos Artistas Sem Galeria na Zipper Galeria. Foto: Gui Gomes
Vista do 16º Salão dos Artistas Sem Galeria na Zipper Galeria. Foto: Gui Gomes


Se você já quis iniciar uma coleção de arte, algumas dúvidas e receios podem ter rodeado seus pensamentos, fazendo-o questionar sobre quais obras adquirir e como avaliar sua relevância e potencial de valorização. É comum existir aquela preocupação com preços e a necessidade de desenvolver um olhar crítico e apurado para as produções contemporâneas. 

Apostar em artistas que estão em início de carreira pode ser uma oportunidade estratégica de investimento para colecionadores iniciantes, afinal os preços são mais baixos e podem ser valorizados com o tempo. “Mas como fazer escolhas mais assertivas quando o artista ainda não tem um histórico consolidado no mercado?”, você deve estar se perguntando. A resposta não é tão simples, afinal não se trata de uma matemática exata, é preciso adquirir prática com o tempo. Porém, você pode contar com a experiência dos especialistas do circuito, como por exemplo, dos organizadores do 16º Salão dos Artistas Sem Galeria

 

A exposição na Zipper Galeria, promovida pelo portal Mapa das Artes, apresenta obras de artistas promissores que ainda não possuem representação comercial na cidade de São Paulo e, por isso, estão dentro de uma faixa de preço mais acessível, que vai de menos de mil até 12 mil reais. Esse conjunto foi selecionado por um júri curatorial, composto por Alef Bazilio (produtor e curador independente), Paulo Gallina (professor, pesquisador e curador independente) e Renato De Cara (curador independente e diretor do Paço das Artes), que apontam qualidades poéticas que merecem serem observadas com mais atenção pelo mercado.  

 

Confira cinco trabalhos em destaque no Salão. 

 

Conteúdo do artigo:

 

 

Ian Salamente


Ian Salamente, O que tempera o sozinho, 2024

 

Em “O que tempera o sozinho” (2024), Ian Salamente elabora uma espécie de lirismo da solidão. A pintura a óleo retrata um homem em postura introspectiva, curvado sobre si mesmo, que traduz no peso do corpo também seu peso emocional. A camisa colorida, com padrões em branco, azul e vermelho, contrasta com a paisagem terrosa e o céu dourado, destoando sua presença do ambiente ao redor.

 

O artista carioca, natural de Cabo Frio, cidade expoente na produção do sal do Brasil, preenche o cenário com pequenos amontoamentos do mineral que é tão importante para a conservação, para temperar e ressaltar o sabor dos alimentos, mas também que resseca, inflama e acompanha o suor de um ofício que atravessa gerações de sua família. Nesse sentido, o personagem central da pintura, apesar de isolado, representa e carrega consigo a história de muitos. 

 

Jesus José


Jesus José, Inquebrável 1, 2024

 

Na obra “Inquebrável 1” (2024), Jesus José estrutura uma composição onde a matéria pictórica de óleo e cera de abelha parece conter e velar as formas de alguns recipientes domésticos de vidro. A paleta de cores restrita e a pincelada encorpada conferem ao trabalho um caráter tátil, onde objetos domésticos aparecem como sugestões fantasmagóricas, resgatadas da soturnidade das memórias.

 

Nos trabalhos de Jesus José, é comum notarmos primeiro as pinceladas, as formas e cores, e só depois compreender melhor as figurações ali representadas. São obras que exigem do espectador um olhar atento para que os volumes se revelem aos poucos. Nas palavras do artista, suas pinturas retratam algo “como se fosse uma primeira visão daquilo que se vê todo dia e não se percebe”.

 

João Guilherme Parisi


João Guilherme Parisi, “Toc-Toc! O cupido é um voyeur”, 2024


“Toc-Toc! O cupido é um voyeur” (2024) é uma pintura que traz uma cena intensa e interrompida pelo olhar do espectador. O uso da tinta a óleo evidencia músculos tensionados e a carne em seu estado mais expressivo, enquanto a paleta quente e a luminosidade estratégica conferem um dramatismo à composição.


Na obra, João Guilherme Parisi se debruça sobre os mistérios e a curiosidade que incita o voyeurismo: ele opta por enquadramento recortado, que intensifica a intimidade da ação, mas não revela as identidades dos sujeitos; cria um jogo de tensão entre os corpos masculinos entrelaçados, mas não revela se trata-se de uma situação de afeto ou de conflito. O artista nos coloca como cúmplice silencioso desse instante de desejo e disputa.


Luana Lins


Luana Lins, Desconstrução V, 2023

 

Para a criação da obra “Desconstrução V” (2023), Luana Lins utiliza fragmentos de alvenaria revestida por papel de parede florido que indicam vestígios de um espaço doméstico que já não existe mais. Os pendentes de cortina, que descem do fragmento, conotam a intenção de ainda ornamentar, recorrendo a memórias familiares comuns que habitam nosso imaginário.

A peça é um desdobramento de suas pesquisas feitas a partir do período de isolamento social durante a pandemia da covid-19, quando Lins passou a refletir sobre as nossas relações com o ambiente doméstico e os simbolismos sociais agregados. Entre ruína e ornamento, fragilidade e permanência, a artista confere ao objeto desígnios ambíguos entre o que resta e o que persiste.

 

Mauro Yamaguti

Mauro Yamaguti, Transcrição - Vinte e cinco minutos de desenho, 2024

 

“Transcrição - Vinte e cinco minutos de desenho” (2024) é um desenho resultante de uma performance de Mauro Yamaguti, onde o artista materializa sua pesquisa sobre os desdobramentos de ações repetidas. Durante a ação, Yamaguti utiliza uma caneta vermelha para transcrever textos extensos, como a Constituição Federal, sobre um caderno de caligrafia. O gesto insistente cria uma tensão entre o material e a tinta, resultando em camadas de tinta que se sobrepõem, até que o papel, por fim, se rasga formando um desenho que sugere o aspecto de uma ferida. Durante toda a performance, não há ferramentas cortantes, apenas o esforço persistente que transforma a matéria, sendo impossível ignorar a violência do gesto e a dramaticidade da cor flamejante.

 

Visite a Zipper Galeria

Não deixe de fazer uma visita à exposição e conferir de perto o conjunto completo. Em caso de dúvidas, entre em contato por nossos canais de comunicação: zipper@zippergaleria.com.br
WhatsApp: +55 (11) 4306 4306


Serviço:

16ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria

Endereço: Rua Estados Unidos, 1494 - Jd. América - São Paulo, SP

Abertura: 18 de janeiro, das 11h às 17h

Visitação: Até 15 de março de 2025

Entrada gratuita