Desde 2010, o Salão dos Artistas Sem Galeria, promovido pelo portal Mapa das Artes, vem cumprindo um papel essencial no cenário artístico brasileiro: revelar talentos emergentes, conectando-os ao circuito mercadológico e, muitas vezes, aos colecionadores. Em sua 16ª edição, a mostra inaugura no dia 18 de janeiro, na Zipper Galeria, mais uma vez para retificar a importância de iniciativas de fomento para artistas ainda sem representação no mercado.
A proposta espelha o DNA da Zipper Galeria, que, desde sua abertura, há quinze anos, tem como propósito o lançamento de novos nomes para a cena contemporânea. Nomes como Laura Villarosa e Consuelo Veszaro, hoje representadas pela galeria, são alguns dos exemplos que passaram por edições anteriores e hoje têm carreiras sólidas. A seguir, conheça um pouco mais sobre a história dessa exposição que virou uma tradição no calendário cultural de São Paulo.
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Quando começou?
Jesus José, “Era só o raio”, 2024
A primeira edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, realizada em 2010, teve como palco a Casa da Xiclet, uma galeria e espaço de residência artística, em São Paulo. Com curadoria formada por Cauê Alves – atual curador do MAM-SP – e Mônica Filgueiras Almeida – galerista cuja carreira foi interrompida no ano seguinte pelo seu falecimento – e com a organização de Celso Fioravante, que permanece à frente do projeto, a mostra reuniu trabalhos de dez artistas emergentes: Affonso Abrahão, Amanda Mei, Bartolomeo Gelpi, Bettina Vaz Guimarães, Christina Meirelles, João Maciel, Luiz Martins, Pedro Von Wirz, Rodrigo Mogiz e Sandra Lopes. O evento já mostrava sua vocação para impulsionar novos nomes e apresentar temáticas renovadas, que lançaram as bases para o sucesso e a longevidade do projeto.
A primeira parceria entre a Zipper Galeria e o Salão ocorreu em 2013, na 4ª edição, e, desde então, o espaço se tornou um dos principais apoiadores da iniciativa. Ao longo dos anos, essa relação foi se mostrando cada vez mais frutífera, tanto para os participantes, quanto para a galeria, que frequentemente encontrava novas possibilidades de representação, novos públicos e contribuia com a missão de trazer um frescor para o meio.
16ª edição da mostra
Emika Takaki, “corpo-casa-família: memórias afetivas”, 2020
Este ano, seguindo a tradição do formato do evento, foram selecionados dez artistas de diferentes regiões do Brasil, desta vez pelo júri composto por Alef Bazilio (produtor e curador independente), Paulo Gallina (professor, pesquisador e curador independente) e Renato De Cara (curador independente e diretor do Paço das Artes). Os nomes escolhidos foram: Emika Takaki (SP), Fava da Silva (RJ), Ian Salamente (RJ), Iuri Dias (SP/MS), Jesus José (GO), João Guilherme Parisi (SP), Luana Lins (SP), Mauro Yamaguti (SP), Rafael de Almeida (GO) e Telma Gadelha (BA/RJ).
O conjunto de obras que serão exibidas revela uma forte presença do figurativismo, expresso em diferentes linguagens. Rafael de Almeida, que atua entre o cinema e as artes visuais, apresenta uma cianotipia de caráter documental. Telma Gadelha, por sua vez, traduz as riquezas dos ritos, manifestações e mestres da cultura popular do Cariri cearense em suas pinturas. O realismo corporal é destacado nas pinturas de João Guilherme Parisi, em contraste com as composições de linhas estilizadas de Emika Takaki, que dão protagonismo à sua paleta de cores. Já Fava da Silva utiliza tons escuros e vibrantes para construir imagens misteriosas que evocam contextos sócio-políticos. Ian Salamente retrata as fraturas e tensões urbanas, enquanto Jesus José explora a imagem mental, os resíduos da memória e as possibilidades da sugestão. Iuri Dias emprega a marchetaria no contexto da arte contemporânea para desconstruir e reestruturar imagens, criando obras intimistas que abordam questões familiares e pessoais. Complementando essa predominância figurativa, Luana Lins explora a abstração em tapeçarias que provocam o olhar tátil, enquanto Mauro Yamaguti registra sua performance que investiga a repetição do gesto do desenho.
Além da mostra coletiva, esta edição também concedeu o Prêmio Estímulo Fora do Eixo, destinado a artistas que vivem e produzem fora de São Paulo e Rio de Janeiro. A vencedora foi Beatriz Pessoa, nascida no Maranhão e residente em Minas Gerais, que tem uma produção baseada em diferentes linguagens, construída a partir de imagens de arquivo para pautar narrativas intimistas sobre memórias. Embora não participe da exposição, Beatriz recebeu uma bolsa de R$ 1.000 para contribuir com a continuidade de sua produção, além do suporte na divulgação de seu nome nas comunicações do evento.
Visite a Zipper Galeria
Telma Gadelha, “Moto Rainha”, 2024
O Salão dos Artistas Sem Galeria se estabeleceu como um importante trampolim para a carreira de artistas no Brasil. Para muitos dos participantes, essa é a primeira oportunidade de expor em uma grande galeria, apresentar seus trabalhos a colecionadores e críticos, e, principalmente, estabelecer uma ponte com o mercado de arte. A cada edição, o Salão alimenta a dinâmica do circuito, lançando luz sobre nomes de artistas cujas trajetórias estão apenas começando.
Confira de perto e fortaleça este movimento tão relevante. As portas da galeria estarão abertas a partir do próximo sábado, dia 18 de janeiro.
Serviço:
16ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria
Endereço: Rua Estados Unidos, 1494 - Jd. América - São Paulo, SP
Abertura: 18 de janeiro, das 11h às 17h
Visitação: Até 15 de março de 2025
Entrada gratuita