Zipper Open: Seis obras da exposição para conhecer

Confira sobre as obras de Frans Krajcberg, Carlos Cruz-Díez, Roberto Burle Marx, Tomie Ohtake, Megumi Yuasa e Mira Schendel
Dezembro 2, 2024
Zipper Open: Seis obras da exposição para conhecer

 

A terceira edição da Zipper Open, uma extensão da Zipper Galeria dedicada a apresentar grandes nomes do mercado secundário, está em cartaz até o dia 20 de dezembro de 2024 no segundo andar da galeria em São Paulo. Com foco em artistas contemporâneos brasileiros consolidados no mercado, a mostra é uma oportunidade de conhecer a produção que moldou a cena artística nacional em seu tempo e que reverbera ainda hoje sob novas perspectivas.

Neste artigo, trouxemos seis dos artistas presentes na exibição para você conhecer um pouco mais: Carlos Cruz-Díez e Tomie Ohtake na exploração da potência da cor; Burle Marx e Frans Krajcberg no diálogo com a natureza; Megumi Yuasa e Mira Schendel, cada qual a seu modo, nas sutilezas de artes essencialistas. 


Conteúdo do artigo:


 

Frans Krajcberg, da série "Sombras", c. 1990

Frans Krajcberg (1921 - 2017) nasceu em uma família judia na Polônia, e ainda muito jovem fugiu de seu país natal escapando dos terríveis eventos que dizimaram toda a sua família. Em 1948 ele se radicou no Brasil, onde se encantou pela diversidade tropical, que o inspirou tanto para seus trabalhos plásticos quanto para seu ativismo pelo meio ambiente. 


Na década de 1960, em Minas Gerais, ele começou a extrair pigmentos naturais e buscou romper com as molduras quadradas das obras, dando autonomia para a forma da natureza. Essas explorações evoluíram e impactaram a criação da escultura de parede "Sombras" presente no Zipper Open. 

 

Carlos Cruz-Díez, Physichromie 1731, 2011

Carlos Cruz-Díez (1923 - 2019) foi um artista venezuelano, que produziu uma pesquisa pioneira sobre movimentos cinéticos e ilusões de ótica a partir da cor e formas geométricas. A obra “Physichromie” faz parte de sua extensa investigação de peças fixadas na parede, que a priori parecem totalmente bidimensionais, composta por frisos coloridos e sequenciados em um ritmo regular. Mas somente por meio da movimentação do observador em seu entorno é que suas obras são acessadas por completo. É nesta interação que são percebidas uma infinitude de nuances e efeitos que transformam a aparência da peça. 


Ao longo de sua carreira, Cruz-Díez buscou desvincular a cor de superfícies materiais, explorando-a como um fenômeno em constante mudança. Sua obra integra coleções de instituições como o MoMA, Tate Modern e Centre Pompidou, entre outros ao redor do mundo.

 

Roberto Burle Marx, Abstrato, 1989

O paulista Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um artista plural, que foi reconhecido por suas contribuições plásticas e principalmente pelas criações paisagistas, tendo sido responsável por introduzir o paisagismo modernista no Brasil. 


As pinturas de Burle Marx refletem a mesma sensibilidade geométrica e cromática que define seus projetos paisagísticos. Influenciado pelas vanguardas modernas, ele explorava formas abstratas e orgânicas, que remetem à flora e aos contornos naturais do Brasil. Suas telas são marcadas pelo uso expressivo de cores vibrantes e pela ausência de distinção entre figura e espaço, como é evidente na tela “Abstrato” presente na mostra.

 

Tomie Ohtake, Sem título, 1983

Tomie Ohtake (1913 - 2015), uma das principais expoentes do abstracionismo no Brasil, foi uma artista japonesa que veio ao Brasil em 1936 e foi impedida de retornar ao seu país natal devido à Guerra do Pacífico. Estabelecendo-se em São Paulo, iniciou sua carreira artística na década de 1950, aos 39 anos de idade.


A poética de Tomie é uma exploração do abstracionismo, com obras de forte apelo cromático. As formas curvas também são um dos traços mais marcantes de sua linguagem visual, que aparecem tanto em suas pinturas quanto em suas esculturas. 


A pintura a óleo de 1983 apresentada aqui é um exemplo disso. Com uma espécie de arco-íris contrastando com o azul vibrante do fundo, esta peça se distingue de grande parte de seus trabalhos, que geralmente levam poucas cores. A curvatura da forma agrega um senso de fluidez e continuidade, enquanto a escolha da paleta de cores pode ser lida como uma celebração da cor em seu potencial máximo. 

 

Megumi Yuasa, Nuvem, déc. 1970/80

Megumi Yuasa (1938) é um ceramista que, desde 1964, explora a combinação de tradições artesanais com experimentações contemporâneas. O artista natural de São Paulo e com ascendência japonesa, é especialmente conhecido por suas esculturas de paisagens minimalistas, que apresentam figuras como árvores, nuvens e sementes, estilizadas em formas orgânicas e geométricas. Há também em seus trabalhos uma investigação sobre o sentido de deslocamento – refletida na abstração das formas – ligado às experiências migratórias.


Em “Nuvem”, a combinação da cerâmica esmaltada com o vidro para representar um elemento da natureza tão efêmero e intangível, brinca com as nossas noções de leveza e equilíbrio por meio da densidade dos materiais. Na peça, há uma harmonia da coexistência de forças opostas que definem toda e qualquer existência.


Mira Schendel, Sem Título, 1972

Mira Schendel (1919-1988), que atualmente está com uma grande exposição individual em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, tornou-se um grande nome da arte moderna brasileira. Para escapar da perseguição antissemita, a artista suíça, de família judaica, imigrou para o Brasil em 1949, onde produziu grande parte de sua obra, que dialoga com a Poesia Concreta, o Neoconcretismo e a arte experimental das décadas de 1960 e 1970.

Schendel frequentemente reduzia suas composições ao mínimo de elementos necessários, buscando os limites da abstração das palavras. Em sua obra, os vazios são convidados a terem o mesmo nível de protagonismo que as figuras. Entre o signo visual e o verbal, a simplicidade aparente da composição presente na mostra esconde uma profundidade, típica de sua prática artística, que nos instiga a encontrar significado no essencial e no não-dito.