A artista carioca Ana Holck elabora trabalhos escultóricos a partir de materiais industriais, como concreto e fitas de aço, e os confronta com o gesto manual, com o acaso e com o movimento. Acompanhe os bastidores da arte da artista que inaugurará uma nova exposição a partir do dia 09 de novembro de 2024 na Zipper Galeria.
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Origens e inserção na arte
A semente do interesse de Ana Holck pela arte foi plantada ainda na infância, visto que sua família era inserida no circuito e frequentava casa de grandes artistas da cena contemporânea. Mas foi na adolescência, por volta dos quinze anos, quando fez um trabalho escolar sobre a cultura nos anos 1970, que a artista foi instigada a pensar uma nova relação entre obra e espaço. Guiada pelo professor, foi apresentada aos universos de Lygia Clark e Hélio Oiticica, figuras centrais para a ruptura da bidimensionalidade da arte brasileira. Vale dizer também, que sua trajetória sempre esteve acompanhada de cursos no Parque Lage, onde estudou com grandes artistas da cena contemporânea como Beatriz Milhazes e, posteriormente, na fase adulta, Iole de Freitas.
Por tudo isso, quando a artista foi cursar a faculdade, já tinha certeza que seria artista, como também já compreendia alguns caminhos para suas investigações poéticas. Entretanto, Inspirada por figuras como Tunga e José Resende, Holck iniciou sua formação em arquitetura. Sem pretensão de se tornar arquiteta, a artista optou por esse caminho como um atalho para as artes visuais, já que as escolas de arte da época pareciam, a ela, um tanto restritivas.
Linguagem e pesquisa poética
No início de sua carreira, a partir de seus conhecimentos da formação em arquitetura, Ana Holck desenvolvia instalações em grande escala, experimentando ideias de espacialidade e estrutura. Mas, sentindo a necessidade de concretizar sua pesquisa em algo mais tangível e comercial, passou a fazer esculturas que investigavam as formações de pontes. O interesse ali se dava não apenas pelo sentido prático dessas construções de ligação entre espaços, mas também por suas características plásticas e conceituais de passagem e conexão. Em 2006, ela apresentou essas peças em sua primeira exposição individual em um espaço comercial.
Ana Holck, “Ponte IV”, 2006
Assim, ao longo de quase vinte e cinco anos de produção, Holck desenvolveu sua linguagem norteada pela força das influências minimalistas e pós-minimalistas. Suas obras revelam uma arquitetura onde a repetição e os materiais industriais equilibram estabilidade e movimento.
Seus trabalhos também são marcados por uma memória afetiva com as construções e os espaços industriais, legado de seu pai, engenheiro calculista estrutural. Em 2005, enquanto ele enfrentava um câncer, Holck descobriu uma série de fotografias que ele havia produzido para documentar o progresso das obras de engenharia nas quais trabalhou. Esses registros, inicialmente técnicos, ganharam para ela uma nova dimensão poética e emocional após a sua perda e culminaram em sua série de backlights “Canteiro de Obras", de 2006.
Ana Holck, "Da Série Canteiro de Obras”, 2006
Nova exposição na Zipper Galeria
Em sua nova exposição, intitulada “Deslocamentos Orbitais”, Ana Holck apresenta uma nova e expansiva fase de sua produção, agora incorporando o barro e a porcelana. A mostra, com curadoria de Taisa Palhares, apresenta quase 20 obras, entre esculturas e móbiles, que investigam o diálogo entre rigidez e flexibilidade por meio de materiais contrastantes, como aço inoxidável e cerâmica. As quatro séries expostas, intituladas “Suspensos”, “Expansíveis”, “Axiomas” e “Lançados”, marcam uma atuação mais experimental da artista, na qual a geometria rigorosa é confrontada pela presença espontânea das fitas de aço que se projetam no espaço.
Serviço
“Deslocamentos Orbitais”
Artista: Ana Holck
Curadoria: Taisa Palhares
Período expositivo: 9 de novembro a 30 de dezembro de 2024
Visita guiada: 23 de novembro de 2024
Local: Zipper Galeria, São Paulo