Em razão do Dia da Amazônia, comemorado em 5 de setembro, apresentamos o trabalho do artista Rodrigo Braga, que, tendo nascido na própria região amazônica, há mais de vinte e cinco anos produz obras sobre as relações entre os seres vivos e a natureza que os circundam.
Conteúdo do artigo:
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Obra “Decanto”
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Obra “Mortalha Mútua”
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Obra “Mentira Repetida”
Nascido em Manaus e criado em Recife, Rodrigo Braga é um artista cuja obra é estreitamente entrelaçada com o meio ambiente. Embora tenha crescido longe da floresta amazônica, foi amplamente influenciado pela família de biólogos e ambientalistas, que o manteve em constante contato com a natureza e as pautas em torno de sua preservação desde criança. Essa influência moldou sua percepção e seu trabalho artístico, que, desde a primeira exposição em 1999, já trazia questões socioambientais para o centro de suas reflexões.
Hoje, um dos conceitos que perpassam grande parte de sua diversa produção é a ideia de mimese – um termo que vem do grego e significa "imitação" – e mais especificamente a biomimese, que se baseia nos princípios criativos e estratégias da natureza para sua sobrevivência.
O conceito científico deu então origem à sua série “Biomimesis”, onde Braga investiga a mímica da natureza, criando imagens que confundem elementos em seu próprio ambiente natural. “Decanto”, por exemplo, feita na floresta Amazônica, apresenta folhas em uma rede de pescador, cujas formas se assemelham à de pequenos peixes.
Rodrigo Braga, Decanto, 2011
Já em “Mortalha Mútua”, da mesma série, a folha que cobre o corpo de um peixe morto evoca questões sobre a interdependência entre diferentes seres e reinos biológicos, e a inevitável ciclicidade da vida e da morte. Além disso, as leis da gestalt, que explicam como nosso cérebro, buscando encontrar padrões, tende a completar as imagens que vemos para formar um todo coeso.
Rodrigo Braga, Mortalha mútua 2, 2013
No vídeo “Mentira Repetida”, Braga grita até a exaustão no interior da Amazônia. Essa obra, realizada em 2011, em uma das ilhas do arquipélago fluvial de Anavilhanas, interior do Amazonas, ecoa as questões urgentes de preservação da floresta e da vida que nela existe. Ao mesmo tempo, o título nos traz uma provocação irônica, nos fazendo questionar sobre nossas posturas muitas vezes carregadas de diversas hipocrisias diante destas situações.