Zipper News: Resumo das Notícias de Arte – Julho 2024

Confira destaques de acontecimentos que movimentaram o circuito de arte no último mês
Agosto 6, 2024
Registro de divulgação da obra de Flávia Junqueira no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa
Registro de divulgação da obra de Flávia Junqueira no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa


Perdeu as notícias mais marcantes no campo das artes visuais durante o mês de julho? Não se preocupe, aqui estão alguns dos nossos destaques para mantê-lo informado. A começar pelo campo da tecnologia que avançou ainda mais com a criação de uma obra feita por inteligência artificial capaz de "imprimir imagens da mente" sem solicitações textuais. Na arqueologia, a descoberta da obra mais antiga do mundo trouxe novas luzes sobre o princípio da criatividade humana. Além disso, a comercialização de um item inusitado movimentou o circuito: uma caneta que contém o cheiro de uma obra de arte de Leonardo da Vinci. Já os artistas Ricardo Rendón e Flávia Junqueira, representados pela Zipper Galeria, brilharam em exposições no exterior. Confira!


Conteúdo do artigo:

 

 

Obra feita por IA supera expectativas em leilão

Obra "Stagnant Elixir’s Sweet” (2024), do coletivo Obvios

 

O coletivo francês Obvious está novamente em destaque no mundo da arte com sua mais recente obra gerada por inteligência artificial: "Stagnant Elixir’s Sweet” (2024). Conhecido por ter leiloado o primeiro trabalho de arte gerado por IA em 2018, o grupo agora retorna ao mercado com uma proposta ambiciosa por meio de sua série "IMAGINE". Utilizando uma combinação de IA e ressonância magnética funcional, as obras desta produção são resultado de novos avanços com tecnologia de aprendizado de máquina que são capazes de “imprimir imagens diretamente da imaginação”, sem a necessidade de solicitações textuais. 

 

"Stagnant Elixir’s Sweet” foi a leilão pela Christie's em 17 de julho e superou suas estimativas que estavam entre US$ 7.000 e US$ 10.000, atingindo surpreendentes US$ 35.280. 

 

A obra de arte mais antiga do mundo é descoberta em uma caverna na Indonésia

Foto: Griffith University

 

Uma equipe de pesquisadores australianos e indonésios, liderada Adhi Agus Oktaviana da Agência Nacional de Pesquisa e Inovação da Indonésia (BRIN), usou um novo método conhecido como “série de ablação tardia de urânio” (série LA-U), que analisa pequenas camadas de carbonato de cálcio que se formaram sobre uma arte na ilha indonésia de Sulawesi e a identificaram com idade mínima de 51.200 anos. A descoberta significa cerca de 5.000 anos a mais do que os exemplos mais antigos conhecidos anteriormente e faz recuar o marco inicial em que os humanos demonstraram pela primeira vez a capacidade de pensamento criativo.


Os desenhos, localizados na caverna Leang Karampuang, incluem figuras semi-humanas, conhecidas como "teriantropos", aparentemente caçando porcos. 


Cheiro da pintura de Da Vinci é comercializado

Foto cortesia do Museu Nacional da Cracóvia.

 

Em 2021, o Museu Nacional de Cracóvia chamou o pesquisador-chefe Tomasz Sawoszczuk para avaliar a qualidade do ar dentro da caixa de vidro da obra “Dama com Arminho” (c. 1489 - 91) de Leonardo da Vinci. Ao abrir a caixa e sentir o cheiro da madeira de nogueira – usada como base da pintura – e da tinta a óleo, Sawoszczuk teve a ideia de compartilhar a experiência com mais pessoas, que devido às questões de conservação, não têm a mesma oportunidade. O pesquisador então liderou um projeto chamado Odotheka, que visa criar uma espécie de biblioteca de aromas com base nos objetos colecionados pelos museus. 

 

Atualmente em parceria com o Museu Nacional de Cracóvia e o Museu Nacional da Eslovênia, o projeto já encabeçou a reprodução dos cheiros de 10 itens culturais. O primeiro a ser comercializado, encapsulado em uma caneta, é a obra-prima de Leonardo do século XV. O objetivo não é criar um perfume comercial, mas sim oferecer uma experiência sensorial para os visitantes do museu.

 

Artista brasileiro é acusado de roubar peça do British Museum

 

Como parte do seu projeto de mestrado na Goldsmiths University of London, o artista brasileiro Ilê Sartuzi trocou uma moeda antiga, do setor de objetos táteis do British Museum, em Londres, por uma réplica que ele levava no bolso, registrou a ação e divulgou em suas redes sociais. O ato performático, intitulado "Sleight of Hand", virou manchete dos principais veículos da imprensa internacional, que citou o caso como um meticuloso roubo, apesar do artista nunca ter saído da instituição com a peça original – ele a deixou na caixinha de doações do próprio museu. 

 

"Sleight of Hand" é uma expressão em inglês que se refere à maneira habilidosa e discreta que as mãos são usadas em truques de mágica. Em português, a expressão pode ser traduzida como "truque de mão" ou "jogo de mãos”. Segundo o advogado do artista, o projeto, que envolveu mais de um ano de planejamento e três amigos filmando a cena, não violou as políticas do museu nem a lei de roubo. O incidente ocorre em um contexto de crescente debate sobre a repatriação de artefatos culturais saqueados durante o colonialismo.

 

O caso traz à tona o ditado popular e o questionamento: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”? Em sua dissertação, Sartuzi questiona o passado colonial de grande potências europeias – como é o caso da Inglaterra – que se desenvolveram às custas do roubo de bens culturais especialmente de países sul-globais, questionando: quem está roubando quem?

 

Artistas Ricardo Rendón e Flávia Junqueira, representados pela Zipper Galeria, expõem em mostras internacionais


Ricardo Rendón, Area de Trabajo, 2010

 

O artista Ricardo Rendón, que combina procedimentos industriais e artesanais para pesquisar a desmaterialização dos objetos, atualmente está participando de uma mostra no Instituto de México en España, em Madrid, que reúne, até o dia 18 de outubro de 2024, trabalhos de doze artistas mexicanos provenientes da coleção de Loren Pérez-Jácome e Javier Lumbreras. Sob o título “En el interior del cielo”, a exposição toma os versos do poema homônimo, escrito por Nezahualcóyotl no século XV, para trazer à tona perspectivas pré-hispânicas que, historicamente, estiveram escondidas por trás das narrativas ocidentais. 

 

Já Flávia Junqueira, transformou o Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, com mais de 1000 balões. Combinando o real com o fictício, o presente com o passado, o adulto com a criança, a instalação da artista paulista em Portugal, que permaneceu aberta à visitação por apenas oito horas no dia 27 de julho, foi eternizada, como de costume de Junqueira, em fotografia, compondo a série “Theatros”. 

 

Arte têxtil em alta e Laura Villarosa na Zipper Galeria

 

Um recente artigo da Artnet News apontou para uma tema em crescente popularidade: a arte têxtil no mercado e no meio crítico. O texto menciona a exposição "The Golden Thread: A Fiber Art Exhibition", no The Seaport, em Nova York, que apresentou obras têxteis de 61 artistas consagrados e emergentes, além da crescente presença desta linguagem artística em museus, galerias e feiras de arte nos últimos anos, com preços das obras numa constante crescente. O artigo sublinha que artistas que trabalham com materiais têxteis estão alcançando novos patamares em leilões e exposições. Esse movimento de reconhecimento da arte têxtil, tanto em termos de críticos quanto de valores de mercado, se conecta com o interesse tardio por artistas mulheres e negros que historicamente trabalharam com esses materiais. 

 

A próxima exposição na Zipper Galeria, "Lugar de Passagem”, que acontece de 10 de agosto a 6 de setembro de 2024, traz trabalhos inéditos de uma artista expoente da plasticidade têxtil: Laura Villarosa. Ela utiliza uma combinação original de técnicas têxteis, pintura acrílica, aquarela e resina para criar cenários paisagísticos como se fossem observados a partir de um veículo em movimento, propondo uma analogia poética sobre a passagem do tempo.