Zipper Open: 5 obras da exposição para conhecer

Confira uma palinha da exposição de arte do mercado secundário da Zipper Galeria
Junho 20, 2024
Vista da exposição Zipper Open. Crédito: Gui Gomes
Vista da exposição Zipper Open. Crédito: Gui Gomes

 

A segunda edição da Zipper Open, uma extensão da Zipper Galeria dedicada a apresentar peças do mercado secundário, está atualmente em cartaz no segundo andar da instituição em São Paulo. Dando foco para nove artistas contemporâneos brasileiros consolidados no mercado, a exposição oferece uma rica oportunidade para conhecer a produção de artistas que moldaram a cena artística nacional em seu tempo. Neste artigo, trouxemos uma palinha do que há na Galeria, destacando cinco obras presentes na mostra.


Conteúdo do artigo:



Geraldo de Barros, Sem Título, 1990


O paulistano Geraldo de Barros foi um pioneiro da arte concreta no Brasil, mais conhecido por suas “fotoformas”, um projeto fotográfico cujas imagens em preto e branco abstraiam os objetos. Seja na fotografia, na pintura ou em outras mídias, o artista sempre foi bastante influenciado pela teoria da Gestalt, investigando e subvertendo as relações entre figura e fundo. A exemplo disso, sua obra de 1990, que foi integrada à 21ª Bienal de São Paulo e hoje é exibida na Zipper Galeria, faz uso da geometrização para revelar o espaço, convidando o espaço pictórico a também ser lido como forma.


Sandra Cinto, Sem Título, s. d.


A artista natural de Santo André, São Paulo, investiga em seus desenhos e pinturas, a representação de paisagens naturais imaginativas. Para a Zipper Galeria, Sandra Cinto traz uma instalação, onde é possível ver dois lados de uma moldura: em um há uma fotografia de um vaso com flores e, no verso, o mesmo objeto é visto quebrado em uma fotografia de menor escala. A peça, que se equilibra em uma parede e em uma estrutura vertical de madeira que inclui uma ampulheta próximo ao chão, cria uma analogia sobre o tempo e suas consequentes transformações.

 

Antonio Dias, The Place, 1971


O artista natural de Campina Grande, na Paraíba, que faleceu em 2018, contribuiu com a cena contemporânea brasileira com seu corpo de trabalho de alto teor político, ancorado principalmente na pintura, mas uma pintura bastante particular, que lança mão de texturas, volumes e objetos, colagens e diferentes materialidades.

O óleo sobre tela "The Place" faz parte de uma investigação do artista, desenvolvida através de uma série de trabalhos gráficos sem figuras, utilizando apenas preto e branco e frequentemente incorporando escrita. Fazendo alusão às imagens de constelações, Antonio Dias aborda sua condição de não-lugar durante o período de auto-exílio em Paris e Milão no final da década de 1960, provocado pela intensificação da perseguição política ditatorial em sua terra natal.

 

Anna Maria Maiolino, da série Desenho Objeto, 1981



A artista ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino, que pauta em seus trabalhos assuntos em torno de identidade, memória, migração, gênero e outras questões sociais, tem atraído grande atenção internacional com sua participação inédita na atual 60ª Bienal de Veneza. O evento, cuja temática escolhida pelo curador Adriano Pedrosa é “Estrangeiros em todos os lugares”, contemplou Maiolino com o tradicional Leão de Ouro, pelo conjunto de sua obra. O prêmio, altamente prestigiado na cena artística, tem um simbolismo especial para a artista, uma vez que sua trajetória e produção são marcadas pela condição de imigrante. 


Nesta edição do Zipper Open, a artista participa com uma peça da série “Desenho Objeto”, onde todos os elementos presentes, como o vão entre os papéis rasgados, o espaço em branco e até mesmo a moldura, são compreendidos como desenho por Maiolino.

 

Carlito Carvalhosa, Tente novamente, 2008



A obra “Tente novamente”, feita com espelho e tinta a óleo, se singulariza na produção de Carlito Carvalhosa, que é lembrado especialmente por seus experimentos com encáustica, misturada a pigmentos. O artista paulistano, falecido em 2021, realizou a partir dos anos 2000 pinturas sobre superfícies espelhadas que, nas palavras do curador Paulo Venâncio Filho, “colocam nossa presença dentro delas”.


É o caso da obra em questão, que subverte a relação entre o observador e o observado. Ao dificultar a visualização de reflexo do espectador com a mancha de tinta, o artista desafia a satisfação narcisista, enquanto reforça a ironia do título, que aconselha: “tente novamente”.