Amor e arte: Conheça três casais de artistas contemporâneos

Uma seleção de artistas contemporâneos para você entrar no clima do Dia dos Namorados
Junho 10, 2024
Christo e Jeanne-Claude durante a execução de seu trabalho, The Gates, Central Park, Nova York. Fotografia de Wolfgang Volz.
Christo e Jeanne-Claude durante a execução de seu trabalho, The Gates, Central Park, Nova York. Fotografia de Wolfgang Volz.

 

Ao longo da história, muitos artistas se uniram não apenas pelo amor, mas também pelo compartilhamento de uma paixão em comum: a arte. Esses relacionamentos românticos e criativos impactaram suas produções individuais e, em muitos casos, até resultaram em criações conjuntas. Neste Dia dos Namorados, celebramos esses casais cujas vidas e trabalhos entrelaçados marcaram a história da arte.


Conteúdo do artigo:


 

Marina Abramović e Ulay

Marina Abramović e Ulay, "Rest Energy", 1980


Marina Abramović e Ulay formaram um dos duos mais icônicos da arte performática, tanto como colaboradores quanto como casal. Eles se conheceram em 1976 em Amsterdã e rapidamente passaram a colaborar na criação de obras que exploravam temáticas intrínsecas de qualquer relacionamento, como confiança, limites físicos e emocionais, e a interseção entre identidade individual e coletiva.


Entre suas performances mais emblemáticas estão "Rest Energy" (1980), onde a dupla, de frente um para o outro, inclina seus corpos para trás, sustentando o peso pelo tensionamento de um arco e flecha apontado diretamente para o coração de Abramović; e "Breathing In/Breathing Out" (1977), onde respiravam o ar um do outro até quase desmaiarem.


O relacionamento perdurou ao longo de 12 anos e foi encerrado em uma grande colaboração poética. “The Lovers: The Great Wall Walk” foi uma performance originalmente pensada pelo casal para celebrar seu casamento. Porém, devido a questões burocráticas do governo chinês, a ideia foi adiada e só se concretizou em 1988. Na performance, cada um caminhou a partir de extremidades opostas da Grande Muralha da China, encontrando-se no meio para então se separarem definitivamente, marcando o fim da parceria artística e romântica.

 

Christo e Jeanne-Claude

Christo e Jeanne-Claude, "L'Arc de Triomphe, Wrapped", 1961-2021

 

Christo e Jeanne-Claude foram um casal icônico no mundo da arte, conhecidos por suas imensas instalações site-specific em espaços públicos ou em meio a natureza. Eles se conheceram em Paris em 1958, depois de Jeanne-Claude encomendar a Christo um retrato da mãe dela. Quatro anos depois, estavam casados, com um filho e produzindo arte na companhia um do outro. Mas foi a partir de 1994 que o casal passou oficialmente a assinar os trabalhos com os dois nomes juntos, com direitos iguais para as suas obras.

Os dois criaram algumas das land-art mais emblemáticas do século XX. Em 1972, eles suspenderam uma cortina de tecido laranja entre os flancos do Rifle Gap, Colorado, para a criação da obra "Valley Curtain". Já em 1983, para "Surrounded Islands", eles cercaram onze ilhas da Baía de Biscayne, em Miami, com tecido rosa flutuante.

Um dos projetos mais aguardados de Christo e Jeanne-Claude, "L'Arc de Triomphe, Wrapped" finalmente tomou forma em setembro de 2021, após a morte de ambos os artistas. O famoso monumento em Paris foi envolto em 25.000 m² de tecido reciclável prateado. O projeto, que esteve em planejamento por décadas, foi realizado em colaboração com o Centre des Monuments Nationaux e a cidade de Paris, e tornou-se uma celebração monumental do legado do casal. 

 

Jasper Johns e Robert Rauschenberg

Jasper Johns e Robert Rauschenberg na Gemini G.E.L. em Los Angeles, 1980. Fotografia de Terry Van Brunt.

Jasper Johns e Robert Rauschenberg se conheceram no início dos anos 1950, em um período em que ambos estavam se afastando do expressionismo abstrato, estilo dominante na época. Juntos, ainda que com produções individuais, começaram a explorar novas formas de expressão artística que incorporassem objetos do cotidiano em suas obras, borrando as linhas que separam a cultura de massa e as belas artes e abrindo caminho para a Pop Art. 


Entre os trabalhos mais emblemáticos de Rauschenberg estão suas "Combines", uma série de obras que misturam pintura e escultura com objetos encontrados, como em "Monogram" (1955-1959), que inclui uma cabra empalhada rodeada por um pneu. Johns, por sua vez, é conhecido por suas pinturas de bandeiras e alvos, como "Flag" (1954-1955), que subverteu a iconografia americana com o uso de cera de abelha e jornal.


A influência mútua é evidente, com Johns introduzindo uma precisão formal e Rauschenberg contribuindo com uma abordagem mais intuitiva e experimental. Juntos, suas obras conquistaram a proeza de elevar o status de objetos banais a peças de alta arte.


O fim do relacionamento romântico, nos anos 1960, coincidiu com um afastamento artístico, à medida que cada um seguiu caminhos distintos em suas carreiras.