Com a preocupante crescente das mudanças climáticas, bem como suas consequentes ondas de calor, a conscientização sobre o impacto humano no meio ambiente torna-se mais urgente do que nunca. A data de 16 de março marca o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, um lembrete do compromisso coletivo em adotar medidas de regeneração para o futuro das próximas gerações humanas. Para destacar a importância desse tema e alertar sobre os desafios ambientais que enfrentamos, apresentamos quatro obras de artistas contemporâneos: Olafur Eliasson, Agnes Denes, Denilson Baniwa e Vigas.
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“Ice Watch” (2014) Olafur Eliasson
Olafur Eliasson é um artista islandês-dinamarquês cujas instalações frequentemente utilizam elementos naturais, como água, luz e ar, para criar ambientes que incitam o público a refletir sobre sua relação com o mundo. Uma de suas obras mais emblemáticas sobre o tema chama-se “Ice Watch”, uma instalação de arte pública criada em colaboração com o geólogo Minik Rosing. A obra consiste em doze grandes blocos de gelo retirados do Oceano Ártico e organizados em círculos em áreas urbanas para derreter. A primeira exibição ocorreu em Copenhague, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP15) em 2014, para marcar a publicação do Quinto Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas do IPCC da ONU, e desde então também foi apresentada em várias cidades, como Londres, Paris e outras.
"Wheatfield — A Confrontation" (1982) de Agnes Denes
Agnes Denes é uma artista conceitual nascida na Hungria, que emigrou para os Estados Unidos na década de 1950. Atualmente, com 93 anos, Denes é especialmente lembrada por sua obra "Wheatfield — A Confrontation" (Campo de Trigo — Uma Confrontação, em tradução livre), um marco da história da Land Art. A instalação, criada em 1982, surgiu como um projeto encomendado pelo Public Art Fund, na intenção de criar uma escultura pública para Nova York. Mas Denes decidiu cultivar um campo de trigo de aproximadamente 2 acres (cerca de 8.000 metros quadrados) no meio de Manhattan, em Nova York. A escolha de dedicar meses de trabalho para realizar esta plantação em uma área densamente urbanizada foi uma maneira da artista destacar como as atividades cotidianas nas cidades modernas estão muitas vezes desconectadas da natureza e podem contribuir para problemas globais como a fome e a degradação ambiental.
“Natureza Morta 1” (2016) de Denilson Baniwa
Quando se trata de conscientização sobre as mudanças climáticas, é indispensável incorporar as perspectivas indígenas na conversa. Isso porque os povos indígenas oferecem diversos ensinamentos às sociedades ocidentais sobre respeito ao meio ambiente, entendendo a natureza e o ser humano como elementos indissociáveis, e assim enriquecer nossos esforços em direção à sustentabilidade ambiental. Nesse sentido, o artista amazonense Denilson Baniwa faz da obra “Natureza Morta 1”, de 2016, uma denúncia do desmatamento e do genocídio dos povos indígenas, resultado da exploração desenfreada da Amazônia. A montagem fotográfica, criada a partir de uma imagem de satélite, foi editada para delinear a silhueta de um pajé. O título do trabalho tem um duplo sentido: enquanto conota o gênero de pintura holandesa do século 17, também refere-se ao extermínio da natureza em prol dos supostos "progressos" colonialistas.
“DATA_Field” (2023) de Vigas
O artista catarinense por trás do nome artístico Vigas, Leandro Mendes, representado pela Zipper Galeria desde 2023, é conhecido por criar obras que unem a tecnologia com experiências instalativas. Sua obra “DATA_Field”, que integrou a exposição "Ritos e Alegorias”, na Zipper, é apresentada em duas telas de televisão que exibem conteúdos gráficos, seja por meio da escrita ou de imagens abstratas, sobre a ação humana nos principais biomas brasileiros. A obra tem dados de satélites usados como fonte para a geração das imagens e sons, e exibe informações sobre o desmatamento no Brasil ao longo de um ano, além dos números de temperatura mínima e máxima de algumas das principais capitais que mais desmataram durante esse mesmo período.