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Jaider Esbell, Série It Was Amazon, 2016
Quando se trata de temáticas ambientais, podemos citar diversos pintores indígenas, como Carmézia Emiliano, Ibã Huni Kuin, Coletivo MAHKU, entre outros, que criam composições plásticas partindo de seus valores culturais e naturalmente representam figurações humanas espontaneamente integradas à natureza, não separadas ou superiores à esta como é enraizado na cultura ocidental. Mas alguns artistas abordam o assunto de forma mais incisiva, denunciando incisivamente o desmatamento em seus trabalhos. É o caso da série de pinturas “It Was Amazon” do Makuxi Jaider Esbell. Nela, o artista retrata os usos e abusos da natureza na região da Pan-Amazônia – termo utilizado para identificar a floresta amazônica nos diferentes países que ela abrange: Brasil, Suriname, Guianas, Bolívia, Equador, Venezuela, Colômbia e Peru.
Vigas, DATA_Field, 2023
“DATA_Field” é uma instalação do artista catarinense Vigas, representado pela Zipper, que integra a exposição sobre arte e natureza, chamada "Ritos e Alegorias”, na Zipper. A obra se dá em duas telas de televisão que, a partir de dados reais de satélites, exibem um conteúdo visual sobre o desmatamento no Brasil ao longo de um ano, além de informações sobre temperatura mínima e máxima de algumas das principais capitais que mais desmataram durante esse mesmo período.
Daiara Tukano, A Redenção, 2022
A artivista Daiara Tukano, que dedica seu trabalho à visibilidade e à luta pelos direitos dos povos indígenas, traz na pintura um embate entre a “caça” e o “caçador” distante dos imaginários de uma floresta indefesa. Ao invés disso, a artista apresenta a resposta de uma floresta viva, que não apenas resiste à colonização exploratória, mas contra-ataca seus agressores, garantindo a redenção dos povos originários e consequentemente de todo o ecossistema.
Marcius Galan, Verde Bandeira, 2022
O multiartista Marcius Galan cria em “Verde Bandeira” uma composição que assemelha-se à vista aerea de uma floresta, onde a quantidade excessiva de alfinetes vermelhos nos identifica áreas devastadas pela mineração, pecuária, entre outras atividades ilegais comumente encontradas em áreas de preservação ambiental no sul global.
Denilson Baniwa, Natureza morta 1, 2016
O artista, curador, designer e ativista, Denilson Baniwa, há tempos vem abrindo e construindo caminhos para o protagonismo indígena. Nascido em uma comunidade do povo Baniwa, no município de Barcelos, no Amazonas, dedicou sua vida ao Movimento Indígena Amazônico, que foi sua escola política e de luta. Na obra citada acima, cujo título remete ao gênero de pintura holandesa do século 17, Baniwa delineou a silhueta de um pajé com uma pose que sugere uma dança cerimonial a partir da colagem de imagens de satélite de áreas desmatadas da floresta Amazônica.
Frans Krajcberg, A Flor do Mangue, 1970
Autor de obras que partem da natureza tanto como elemento estético quanto como temática, muitas vezes feitas com troncos de árvores queimados, Krajcberg é amplamente reconhecido por seu ativismo ecológico, pelo qual dedicou-se até o final de sua vida. O artista, que era judeu de origem polonesa, havia perdido toda sua família para o holocausto, e por isso veio ao Brasil buscando superar os horrores da Segunda Guerra. Aqui no país tropical, ele encontrou refúgio na beleza das formas da natureza e inspiração para seu trabalho pioneiro na defesa e preservação de nossos biomas naturais.